Cristiéle Borgonovo
O Natal traz muitas memórias afetivas para o neotrentino Saulo José Cadorin, 58 anos. O aposentado conta que desde menino lembra dos saudosos pais, Salvador Cadorin e Maria do Carmo Maçaneiro Cadorin, na confecção do presépio. Ao lado dos irmãos, eles contemplavam a singela forma de adorar o nascimento do menino Jesus. E ao passar pela Rua João Bayer Sobrinho, número 214, no Centro de Nova Trento, já se avista na varanda o presépio que todos os anos Saulo monta. De certa forma, é uma maneira de homenagear os familiares que já partiram e, desta forma, não deixar a tradição morrer.
As peças que compõem o presépio pertenciam aos pais. “Algumas eu troquei, como por exemplo o Menino Jesus, que era de um tamanho desproporcional as outras estátuas. O menino Jesus está na sala, ele tem mais do que a minha idade, por isso esse carinho especial”, conta.
Além dos presépios, também recorda das cantorias dos Reis Magos pelas ruas. “Era como um teatro onde eles passavam cantando vestidos de Baltasar, Belchior e Gaspar, uma pessoa vinha com a estrela guia que ficava na ponta de um bambu, era muito bonito o Terno de Reis passando nas casas”, lembra. Outro fato que marcou a infância de Saulo era as luzes, onde na época não havia pisca-pisca e, para deixar as lâmpadas coloridas, as pintavam com tinta.
A irmã Lauda Cadorin Sartori, 66 anos, destaca que para a família a confecção do presépio é trazer a toda a natureza divina, uma representação de que deve-se cuidar dos animais, das águas, árvores, além de nos mostrar que devemos ser humildes e caridosos. “Nossos pais ensinaram a fazer o presépio em devoção a sagrada família. É algo que vem dos nossos antepassados italianos e continua muito presente em todos nós”, conta. Da família, todos os sete irmãos fazem em casa a montagem do presépio.
Nesse ano, para que o presépio de mantivesse verde, Saulo fez um fundo com água, e colocou as gramas. Barba de velho, flores, pedras e gravetos de madeira também não pode faltar. “Essa época é muito bonita, é uma magia diferente e para nós sem presépio não é Natal”, conclui.