Cristiéle Borgonovo
É ao som da gaita de boca que somos recebidos na casa de João Francisco Cadorin, 81 anos e Neide Terezinha Cadorin, 79 anos. Do portão e muro baixo já se vê o presépio que é montado todos os anos pelo casal há 56 anos. João já indaga, “temos duas paixões aqui em casa: a música e o presépio. Mas primeiro vou cantar uma música depois te contamos a história do nosso presépio”. Enquanto isso, Neide entra em casa e traz os quadros com as fotos emolduradas do presépio, com as datas de 2018, 2019 e 2022 períodos que participaram de concursos, em Nova Trento, e foram premiados.
Terminada a canção, João conta que as primeiras memórias da infância já lhe remetem ao lado da família confeccionando o presépio de Natal. “E não tinha nada de pisca-pisca, na verdade nem tinha energia elétrica. Meu irmão, o Padre Cláudio Cadorin uma vez trouxe uma faixa com uma frase escrita em italiano e colocamos em cima do nosso presépio. Por trás colamos papel colorido e uma vela, aquilo iluminava colorido e foi à atração”, recorda em meio a risos.
Neide também destaca que tanto a família dela quanto a dele, desde crianças sempre foi tradição montar o presépio. “Gosto de fazer no lado de fora de casa, onde todos que passam possam apreciar. Todos os anos montamos de forma diferente, mudamos a estrada, a posição das peças, nunca montamos igual”, conta.
O casal também relembra que na época em que se casaram era comum ganhar como presente de casamento, ou até mesmo na montagem do enxoval peças do presépio. “O menino Jesus foi a irmã Célia Cadorin que nos deu quando casamos e a peça está ali até hoje”, explica.
Dos tempos de criança relembram da inocência e alegria ao esperar pela data. Onde passavam o dia procurando casquinha de cigarras secas, barba de velho, musgos e pedras para enfeitar lindamente os presépios. “É uma tradição tão bonita que pretendemos manter sempre”, finalizam.