Há muito tempo atrás, um colonizador construiu sua casa em um lote bem isolado, em meio à mata e fora dos limites da Colônia Nova Itália. Esse homem viveu ali por muitos anos junto da família, mas acabou ficando sozinho e vivendo em isolamento.
Envelhecido, escolheu um gato branco como companhia em seus últimos anos nesse mundo. O homem viveu e morreu sem ter por perto outras pessoas. A casa, construída quando de sua chegada, resistia ao tempo, e quando de sua morte ficou abandonada por muitos anos. Mesmo assim, permaneceu em bom estado.
Passados alguns anos, uma aldeia indígena se instalou nessas terras, então devolutas. Os indígenas guaranis, chamados de carijós pelos colonos, sempre estiveram na região, sendo um povo originário da localidade de tempos anteriores à chegada dos europeus.
O aldeamento Guarani, chamado Teko´a Vya, aproveitou muito bem essas terras, inclusive resolvendo não demolir a casa antiga do solitário homem. Nos anos que seguiram ao assentamento indígena, toda vez que anoitecia algo estranho acontecia, o que chamava a atenção dos que viviam ali. Diziam que, ao passar próximo à construção colonial, se ouviam passos, como se alguém estivesse caminhando por ali, mas ninguém via nada.
Certa vez, um indígena muito curioso resolveu passar a noite no local para tentar descobrir o que era, então, resolveu ficar esperando o anoitecer e foi para perto da construção. Acampou por lá e ficou, mas como estava cansado acabou dormindo.
Assustado, no meio da noite acordou e logo viu algo estranho nos arredores do acampamento. Um velho homem passava carregando uma mala, e perguntava sobre um gato branco. O indígena surpreendido por aquele vulto que lhe parecia tão real, sem pestanejar, respondeu que não havia nenhum gato por ali. Então, o senhor que perambulava se foi e nunca mais foi visto ou ouvido pelos indígenas.
Hoje, os indígenas ainda aldeados na região, utilizam esta casa, que um dia fora do colono, como uma pequena escola para educação dos pequeninos curumins.
Etna Majory Vieira – 3° ano