Cristiéle Borgonovo
A vereadora Kristiani Caxias e Silva, 42 anos, é a única representante mulher na Câmara de Vereadores de São João Batista. Entre os 11 edis eleitos na Capital Catarinense do Calçado, Kris conseguiu a votação necessária e, hoje, ocupa uma cadeira no Poder Legislativo Municipal. Neste mês de março, o Mês da Mulher, o Correio Catarinense traz uma série de entrevistas com as representantes femininas do Vale.
Kris é graduada em Administração de Empresas pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em Direito pela Unifebe, e pós-graduada em Recursos Humanos pela Unisul. Atualmente, se dedica à profissão de advogada e tem a incrível missão de ser mãe de Davi Luiz Costa, nove anos, e Pedro Lucas Costa, quatro anos. Ela é casada com Nelci Costa Junior, o Juninho.
Filha de Luiz Caxias e Lídia Maria da Rosa Caxias e Silva, Kris também é neta do primeiro policial militar do município de São João Batista, Cabo Bezerra, que foi acolhido por Benjamim Duarte antes mesmo da cidade ser emancipada.
O gosto pela política, ela recorda, vem da juventude, quando sempre acompanhava o pai em comícios. Ele sempre esteve presente em executivas partidárias, mas atuava nos bastidores. “Para mim, nunca foi um sonho ou desejo ser candidata a vereadora. Na verdade, nunca imaginei que isso poderia acontecer, mas com o passar dos anos, amadurecendo, percebi que essa missão que me foi concedida, trata-se de um propósito que Deus colocou no meu coração”, conta.
Ela relembra que, faltando apenas quatro dias da finalização dos registros para ser candidata, recebeu o convite de se filiar ao Podemos. Colocou a questão em oração e, ao lado da família, pontuou todos os desafios que a política proporciona, principalmente por, historicamente, o espaço ser predominantemente masculino.
Kris também destaca que São João Batista é uma cidade que tem mais de 50% da população feminina. “Poderiam, sim, haver mais mulheres eleitas, pois temos a sensibilidade de atuar e trabalhar em temas nos quais temos um olhar diferenciado”, afirma.
Mas, ao mesmo tempo em que é desafiador estar em um ambiente político com predominância masculina, também é um grande aprendizado. “Eu aprendo muito a cada segunda-feira, principalmente com os vereadores de segundo mandato, pois eles estão sempre solícitos a ajudar. Também os novos edis, que já estavam no meio político, auxiliam”, destaca.
Procuradoria da Mulher
Em São João Batista, existe uma resolução 02/2023, aprovada pelo Poder Legislativo em março de 2023, que dispõe sobre a criação da Procuradoria da Mulher na Câmara Municipal e dá outras providências. No entanto, essa ação ainda não saiu do papel, diferente da cidade de Canelinha, por exemplo, onde a procuradoria já funciona. “Já me informei sobre esse tema, mas em São João Batista o prédio da Câmara não comporta o espaço físico necessário. Precisa de uma sala reservada para garantir, no mínimo, conforto e segurança, afinal, é um tema sensível e sigiloso. Mas, com certeza, se dependesse de mim, essa Procuradoria estaria ativa em nossa cidade”, explica.
A pretensão de Kris, como vereadora, é, além de fiscalizar, fazer com que os órgãos do executivo e da gestão pública funcionem de forma digna e respeitosa para toda a população, de maneira isonômica. Seu objetivo é fazer com que as pessoas se sintam amadas pelos serviços prestados pelo setor público.
Sobre as áreas de atuação nas quais pretende dar mais destaque, Kris ressalta a Educação, Saúde e Assistência Social, pois acredita que essas áreas precisam de um olhar mais criterioso. No entanto, ela também estará atenta à infraestrutura e mobilidade urbana, esporte, cultura, turismo, entre outros.
O desafio de conciliar trabalho, maternidade e vereança
Para as mulheres, estar no meio político é um desafio ainda maior. “Minha prioridade é a família, pois lá sou insubstituível. Porém, com essa questão alinhada, consigo desempenhar um bom papel como advogada e vereadora”, explica.
Sobre o cenário político nacional e estadual, Kris vê que, aos poucos, estão ocorrendo avanços, com mulheres ocupando cargos por meritocracia. Em Santa Catarina, por exemplo, temos uma vice-governadora, uma vice-prefeita em Florianópolis, e uma prefeita em Balneário Camboriú. Mas, em São João Batista, ainda há muito a evoluir.
Mulheres na Política de São João Batista
De acordo com o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –, o censo demográfico de 2022 aponta a cidade de São João Batista com uma população de 32.687 habitantes. No cenário político de 66 anos de emancipação da Capital Catarinense do Calçado, nunca houve uma mulher ocupando o cargo de chefe do Poder Executivo ou de vice-prefeita. Já na Câmara de Vereadores, apenas cinco mulheres se elegeram. Foram elas: Elid Zunino Cordeiro (1993 a 1996), Martinha Paschoal (1997 a 2000), Vera Lúcia de Amorim, a Vera do Nonga (2009 a 2012 e 2013), e Rúbia Alice Tamanini Duarte (2017 a 2020), sendo esta última a primeira mulher a presidir o Poder Legislativo no biênio de 2020 a 2021. No Vale do Rio Tijucas, apenas Nova Trento teve uma prefeita, Sandra Regina Eccel. Já Major Gercino teve uma vice-prefeita na gestão de 2021 a 2024, Viviane Booz, que também teve passagem pela Câmara de Vereadores.