Cristiéle Borgonovo
O hábito de visitar os túmulos dos entes queridos, levar flores, acender velas e orar, surgiu na idade média. Há de se observar que em diversas religiões ou crenças, há um zelo com os mortos. Grandes monumentos históricos como as pirâmides de Gizé, no Cairo, Egito e o Taj Mahal, em Agra, na Índia, foram erguidos para acomodar os corpos de pessoas queridas. No dia 2 de novembro, Dia dos Finados, os brasileiros, em sinal de respeito e homenagem, também visitam os cemitérios.
Antes da data, as famílias fazem toda a parte de limpeza, organização e enfeitam os túmulos com flores. Em São João Batista, a Administração Municipal realizou a manutenção do Cemitério Público Municipal, desde pinturas até a retirada de entulhos.
A psicóloga e terapeuta comportamental Luiza Simone Rosa destaca que embora a morte seja uma certeza para todos, o assunto é desconfortável de abordar. “Podemos saber o dia e a hora em que uma criança nasce, mas não temos esse domínio com o episódio da morte. É necessário entender que o luto é um processo totalmente natural de dor e sofrimento que demonstra reações emocionais como tristeza, raiva e até mesmo culpa”, relata.
O primeiro ano é o mais difícil para quem perde um ente querido, pois é a etapa de adaptação da ausência. “Admitir esse processo é importante. Para quem convive com a pessoa enlutada é necessário apoio e carinho, porém é de suma importância deixar que ela viva, sinta o luto”, explica.
O pároco da Paróquia São João Batista, padre Élio Luiz Grings ressalta que o Dia de Finados é um dia de saudade e não de tristeza. “Saudades, pois o coração dói, as lembranças vêm à mente das pessoas que amamos e fisicamente não está mais entre nós. Nós cristãos temos a certeza da vida eterna, da ressureição. A definição que temos é que todos nós estamos aqui de passagem e um dia estaremos todos na casa do Pai Celestial”, destaca.
Batistenses vão ao cemitério mesmo com chuva
O relógio nem marcava 7h e Valdir José Gomes, 68 anos, já havia chego no Cemitério Municipal do Centro de São João Batista. Ele já tinha colocado os vasos de flores sobre o túmulo, acendido as velas e feito uma oração para a alma dos pais, irmã e cunhados. “É o que podemos fazer pelos que já partiram e deixaram saudades em nossos corações”, conta o aposentado. Ele gosta de acordar cedo todos os dias e no Finados não é diferente.
Janete Serpa Grime, 63 anos, ao lado dos familiares, também trouxe flores e acendeu as velas para os entes queridos. Para ela ir ao cemitério nessa data é uma forma de respeito e também de honrar a alma de quem foi importante durante a vida. “Viemos em outras datas também, não é só no Finados, mas esse dia se tornou uma tradição vir ao cemitério”, conclui.