Marcia Peixe
Do processo artesanal à produção em larga escala e para exportação. Assim, foi a trajetória do segmento em calçadista em São João Batista. Uma ascensão que se intensificou entre anos de 2000 a 2010, e, que deu ao município, o título de Capital Catarinense do Calçado em 27 de dezembro de 2001, por meio da Lei Estadual nº 12.076, sancionada pelo então governador em exercício, Paulo Roberto Bauer.
Mais do que um título, o momento representou a expansão da atividade industrial em terras batistenses e com isso, a criação de novas vagas de emprego e a necessidade de mão de obra qualificada. Foi neste período, que o casal, Jussara Davis, 49 anos e Rosalino Silva, 49 anos, decidiram deixar Novo Hamburgo, no Rio Grande Sul e residir em São João Batista. “Vimos aqui uma oportunidade promissora, uma cidade pequena que nos possibilitaria qualidade de vida, um local mais seguro para criar nossos filhos e com educação e saúde mais acessíveis”, conta Rosalino.
Eles recordam que conheceram São João Batista por meio de um compadre, que já atuava no ramo e que participou de uma feira e conheceu empresários da cidade. Na ocasião, eles falaram sobre a necessidade de mão de obra e também dos benefícios possibilidades que seriam viáveis aqui. Então, em 20 de maio de 2001, o casal veio com os filhos para Dionata, 11 anos, e Erica, 6 anos, para trabalhar na empresa Polisola e residir em terras batistenses.
Os primeiros meses exigiram, coragem e adaptação à nova rotina.Logo na primeira casa, o casal e os filhos dormiam no mesmo quarto, pois dividiam a residência com outra família. Após seis meses, a família mudou-se para uma casa maior. Apesar das dificuldades iniciais, com o resultado de muita economia, Jussara e Rosalino compraram um terreno no bairro Krequer, um ano após a chegada em São João Batista. “Então construímos uma casa de madeira e logo nos mudamos. Mas, ainda não tínhamos certeza se iríamos ficar, até que decidimos construir uma casa de alvenaria, a que moramos hoje, e, aí sim, resolvemos ficar de vez”, explica Rosalino.
Jussara acrescenta, que sua trajetória com o calçado iniciou em 1986, quando passou a atuar como serviços gerais lá no Rio Grande do Sul. “Eu fazia um pouquinho de tudo, passava cola, refilava, cortava linha, abastecia e limpava”. Ao se mudarem para São João Batista, trabalhou até hoje em apenas duas empresas, Polisola durante dez anos e atualmente Via Scarpa, onde está há quase 11 anos. Já Rosalino, permaneceu os mesmos dez anos na empresa Polisola e depois migrou para o ramo da construção civil.
Para a filha Erica Luisa Silva, 26 anos, designer gráfico, lembrar dos esforços dos pais é gratificante. “Eu sinto muito orgulho de tudo que conquistaram aqui em São João Batista. Com a decisão deles, eu e meu irmão tivemos mais oportunidades também e qualidade de vida. Uma delas, por exemplo, foi o fato de eu ter sido a primeira pessoa da nossa família a concluir o ensino superior”, destaca. Assim como os pais, atuou na produção de calçados durante sua adolescência, depois ao ingressar na universidade recebeu a oportunidade de trabalhar na área da modelagem, e, agora, integra a equipe de marketing da empresa Lia Line. “O exemplo deles me inspirou, e passei a amar também o calçado, hoje me sinto realizada profissionalmente”, afirma.
Desde aquele 20 de maio de 2001, já se passaram 20 anos. “São João Batista continua aquela cidade que optamos para viver! Aqui realizamos nossos sonhos, construímos nossa casa própria, nossos filhos tiveram oportunidades, emprego e qualidade vida”, concluem Rosalino e Jussara.