Marcia Peixe
Foi na sapataria dos vizinhos, que Gilberto Machado, o Beto, 41 anos, morador do bairro Fernandes iniciou sua história com o calçado. O primeiro contato ocorreu aos 14 anos, quando ia até a empresa ‘Calçados Taciane’ para entender e aprender como se faziam os sapatos. “Meus pais moravam na Rua Walter Machado, no Centro e a sapataria do seu Didi Souza (Eurides Souza) ficava perto de casa. Então eu ia lá, para ver como eles faziam”, recorda.
Ele conta que neste período, a produção se destinava ao calçado masculino, que tinha como principal matéria-prima, o couro. “Era uma época em que quase não usava sintético. Depois, com o passar do tempo, também iniciou-se a produção de calçados femininos e fui aprendendo também”, acrescenta. O ingresso na sapataria, proporcionou conhecimentos sobre todos processos necessários para montar o calçado até ele chegar na caixa. “Passei por várias funções até ser encarregado de expedição com uma equipe de 23 pessoas, aos 18 anos”, lembra.
Durante o processo de aprendizado, Gilberto enfatiza que também participou de cursos promovidos pelo Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial e de várias ações que eram organizadas por fornecedores, representantes e até empresários. “Era muito comum a realização de palestras, explicações sobre materiais e técnicas para utilizar produtos, por exemplo”, afirma.
Da primeira experiência até hoje, somam-se 27 anos dedicados ao setor calçadista, sem nunca se afastar do ramo. “Ali iniciei e trabalhei por 9 anos e depois passei outras empresas, mas nunca pensei em sair da área. É algo que aprendi desde a adolescência e que já faz parte da minha vida”, diz. Entre as etapas de produção, Beto conta que se especializou em montagem e busca dar atenção em todas as etapas, como por exemplo passar cola “Eu a considero muito importante, pois é por meio dela, que geralmente se avalia a qualidade do serviço prestado, do produto e também da empresa que o produziu”, explica.
O sapateiro avalia o processo “como se fosse uma pintura, uma arte! É necessário garantir qualidade ao processo e utilizar as técnicas corretas”. Para ele, outro fato apaixonante do calçado é a possibilidade do aprendizado ser constante. “É como se nunca parássemos de aprender, porque o mercado está em constante mudança, apesar das tendências sempre retornarem”, detalha. Outro aspecto, que lhe atrai na profissão é a experiência de a cada coleção reunir diversas partes como se fossem um quebra-cabeça. “É algo que eu gosto muito e que é gratificante quando vemos o resultado”, conclui.
“É como se nunca parássemos de aprender, porque o mercado está em constante mudança, apesar das tendências sempre retornarem”