Cristiéle Braz Borgonovo
Quem vê o pequeno Higor Darosci Reis, de um ano e seis meses correndo e brincado pela casa, não imagina o sofrimento e angustia que toda a família passou. Era outubro de 2020 quando Francini Darosci, 30 anos, aguardava ansiosa a chegada do segundo filho, ao lado do esposo Ademilson Reis. Grávida de 31 semanas, a balconista moradora do bairro Índia, em Canelinha, foi contaminada com Covid-19. Juntos, mãe e filho travaram uma luta para sobreviver. Mas venceram e contam sobre o que chamam de milagre da vida.
A alegria e emoção de vivenciar o momento do parto, Francini não pode presenciar com Higor. Com o diagnóstico do pulmão comprometido de forma severa, febre alta e tosse, do hospital local, da Cidade das Cerâmicas, foi transferida para o Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc), em Florianópolis.
Internada em 19 de outubro no fim da tarde, a noite o estado de saúde da mãe já era gravíssimo. Então, precisou ser entubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Começava ali uma batalha contra o tempo de mãe e filho.
Após três dias de intubação e nenhuma melhora, pois estava grávida, não havia como aplicar medicamentos fortes na mãe, pois poderia prejudicar o bebe. Ademilson e a irmã de Francini foram chamados a unidade hospitalar e comunicados que seria feita uma cesariana. “O mais difícil foi que eles também receberam a notícia que as chances de eu sobreviver era mínima”, conta.
Correntes de orações
Para as pessoas que creem no poder da oração e tem fé em um ser superior, o milagre da vida aconteceu. As redes sociais divulgavam os inúmeros compartilhamentos e pedidos para rezarem pela vida de mãe e filho. Havia um fio de esperança e a comunidade do Vale do Rio Tijucas e região tiveram empatia com o caso e também começaram a pedir pela recuperação dos dois.
“A ficha só foi caiu que passei por tudo aquilo, quando fui para quarto e tive acesso ao meu celular. Ao liga-lo não parava de vir mensagens. Não imaginava o carinho que as pessoas sentiam. Fiquei muito emocionada com o número de orações e mensagem que recebi. Sou muito grata a Deus e a todos que tiveram com a gente nesse momento tão difícil e doloroso”, relembra.
“Foi o dia mais feliz da minha vida, o dia que trouxe ele para casa nos meus braços”.
Primeira imagem por celular
O pequeno Higor nasceu de 31 semanas com 1.845 kg e 42 centímetros. Ele foi direto para a incubadora onde ficou por 21 dias. Após a cesariana, Francini reagiu a medicação e acordou em três dias. Uma psicóloga conversou com ela e explicou o que havia ocorrido. Da tela do celular apresentou a mãe rostinho do pequeno. “No total ele ficou 21 dias internado e somente nos últimos sete, quando saiu da sonda de alimentação e ficou mamando no peito, em fim, ganhamos alta. Foi o dia mais feliz da minha vida, o dia que trouxe ele para casa nos meus braços”, recorda.
O recomeço
A volta para casa foi repleta de emoções e alivio. Mas, foi um verdadeiro recomeço. Francine reaprendeu a andar, precisou fazer fisioterapia. A alimentação precisou passar por um controle rigoroso. Não pode receber visita e ajuda da família no início, pois havia o risco de ainda contaminar outras pessoas com Covid – 19.
A família hoje está completa, Francini e Ademilson também são pais do garoto Henrique Darosci Reis, 12 anos. “Deus ouvi todas as orações e hoje estou aqui com o Higor, graças a esse grande milagre, sem nenhuma sequela e nada que possa nos prejudicar”, conclui.
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