Cristiéle Borgonovo
“Eu nasci aqui, em um parto feito em casa pelas mãos da minha avó Josefina Buttchevits, dos meus irmãos sou o único que nasceu em solo batistense, ou melhor, em terras do Jardim São Paulo”. Jair Montibeller, 50 anos, é morador do bairro em que nasceu. O comerciante conta a história de vida e do comércio da família que se confunde com a história de transformação do local.
Ele é o sexto filho, de sete irmãos do casal Inês Corrêa Montibeller, 82 anos, e do saudoso José Montibeller. Os pais eram naturais da localidade de Bom Retino, no Interior de Nova Trento. Certo dia, pegaram o que tinham, colocaram em cima de um caminhão e vieram desbravar solos batistenses. “Meus irmãos tinham nascido lá, eu fui o único que nasceu aqui. Já minha irmã mais nova nasceu no hospital de Nova Trento”, explica.
A família, desde de que se mudou para cá, montou um pequeno comércio. Com esforço e trabalho duro, aos poucos o negócio cresceu. Quando pequeno, Jair recorda que no Jardim São Paulo só existia uma rua, a Doutor Almir Zunino, que era um trilho de passar carros, pouco movimento e raras famílias. “Lembro do Almir Zunino, Mateus Fagundes, o Antídio Licínio e do Leu Cunha, entre as famílias mais tradicionais daqui”, diz.
Com o passar dos anos, loteamentos e ruas foram surgindo. O bairro se tronou uma potência industrial com o crescimento das fábricas de calçados, como a Raphaella Booz, Lamonella que hoje é a Parô, e antiga Século XXX, a Camminari, além das empresas que produzem os componentes para a produção dos calçados.
Um fato que ele lembra é da construção da Capela Nossa Senhora Aparecida, no alto do bairro, onde o pai auxiliou na obra. Era ele quem levava água dentro de uma picape para a construção, isso por volta de 1979 a 1980. A edificação da Escola Professora Araci Espíndola Dalcenter, hoje a segunda maior da Rede Pública Municipal de Ensino, também foi um marco para o lugar. Assim como a construção de pouco mais de 10 anos, da Unidade Básica de Saúde José dos Santos Pereira, que também é a segunda maior do município.
Também de propriedade da família, junto ao mercado tinha a cancha, onde antes dos jovens irem para os bailes e festas, o esquenta era ali. “O local era muito movimentado, era o point da turma”, relembra. Mesmo com o passar dos anos, Jair nunca pensou em morar em outro bairro, o comércio da família é o mais antigo do local e também um dos mais antigos em pleno funcionamento na cidade. Com orgulho e carinho Jair rememora a trajetória de evolução do bairro que é protagonista na própria história de vida.