Cristiéle Borgonovo
Quem passa pela rodovia SC 410, no bairro Fernandes, em São João Batista, após o trecho conhecido como a Volta do Cachimbo, no sentido à cidade de Major Gercino, se depara com uma cena encantadora, que atrai olhares durante a noite: a casa de Valdineia Maria Maçaneiro, 53 anos, e Ozenir Abedala Kaule, 63, repleta com luzes e enfeites natalinos. A tradição de decorar a residência para o Natal é um legado de amor e saudade que vem de longe, da saudosa mãe de Néia, Evani Tomasia Maçaneiro, e é mantida com muito carinho até hoje.
A casa, que foi originalmente dos pais, Evani e Waldino Maçaneiro, 80 anos, continua sendo um símbolo de união e respeito à memória de quem partiu. Quando criança, Néia acompanhava a mãe enquanto ela decorava o lar para o Natal. Mesmo com condições financeiras simples, a decoração sempre era feita com muito amor e dedicação. “Ela fazia tudo com tanto carinho. A casa ficava simples, mas cheia de vida e alegria. Apesar das dificuldades, o Natal na nossa casa sempre foi repleto de calor humano”, relembra emocionada.
Em 2008, quando a mãe faleceu, a família interrompeu a tradição por um tempo. Mas, com o passar dos anos, Néia pensou: “Ela gostava tanto dessa época, por que não continuar a homenagem a ela? Precisamos manter essa tradição que ela tanto amava.” E foi assim que a decoração natalina foi retomada, com o mesmo espírito de alegria e carinho, agora, com a participação de Ozenir, o companheiro de vida.
Criatividade e Trabalho em Equipe
A cada Natal, a criatividade da família precisa aflorar. Novos enfeites são adquiridos, e os que queimam ou se estragam ao longo do tempo são substituídos. Embora Néia traga as ideias para a decoração, é Ozenir quem assume o papel de colocar tudo no lugar: montar e pendurar as luzes que embelezam a fachada da casa.
A decoração não se limita apenas ao exterior da residência. Por dentro, todos os cômodos, sem exceção, até os banheiros, estão minuciosamente decorados. Árvores de Natal, guirlandas, almofadas e centros de mesa enchem a casa de cores e símbolos típicos da época. No coração da decoração, está o presépio, montado com especial cuidado ao lado da lareira, para representar o verdadeiro significado do Natal: o nascimento do Menino Jesus. “A nossa decoração não é apenas estética, mas também simbólica. O presépio é o centro de tudo, pois celebramos o nascimento de Cristo, o verdadeiro motivo da nossa festa”, explica Néia.
A Ceia de Natal mantem a tradição familiar
Outro ponto de destaque na celebração de Natal da família é a Ceia, que, mesmo após a morte da mãe, permanece sendo uma tradição. Todos se reúnem na noite de 24 de dezembro para partilhar a refeição e celebrar o momento de união. “Eu só tenho uma irmã e um filho, então somos poucos, mas o importante é que estamos juntos, como sempre fizemos”, conta Néia, emocionada. A Ceia de Natal não é apenas uma refeição, mas um momento de relembrar o amor das gerações e de manter viva a memória de quem já partiu.
A casa de Valdineia e Ozenir tornou-se, assim, um ponto de luz e acolhimento durante o período natalino, não só pela decoração, mas pelo sentimento profundo que ela transmite. Uma homenagem à mãe, que ensinou o verdadeiro significado do Natal, e um lembrete de que, mais do que os enfeites, o Natal é sobre o amor, a união e o cuidado com o próximo.
Em cada detalhe, em cada luz piscante, em cada peça de decoração, está a memória de uma mãe e o amor de uma família que, a cada ano, reforça o verdadeiro espírito natalino. A tradição, que começou com Evani Tomasia Maçaneiro, continua viva e forte, iluminando não apenas a casa de Valdineia e Ozenir, mas também o coração de todos que têm a oportunidade de admirar essa bela demonstração de fé.