Com uma rotina que inicia às 5h40, Adriana da Cunha Kriscinski, 47 anos, possui uma agenda de atividades diária que coloca a família toda em movimento.
Casada há 25 anos com Ivonei Kriscinski, mãe de Luiz Felipe, 20, e João Henrique, 15, Adriana encontra tempo e motivação para cuidar de si mesma, da família e ainda, servir à comunidade.
Natural de Florianópolis, por oito anos morou em Tijucas até mudar-se para São João Batista, onde está até hoje.
Conhecida como a “Adriana da Farmácia”, ela conta que teve uma infância muito feliz, onde os pais trabalhavam no hospital de Tijucas e participavam de movimentos da igreja. “Já fomos criados meio que no clima”, brinca.
Ela lembra que sempre foi muito vaidosa, desde pequena. “Minhas irmãs sempre riam de mim, porque desde pequenina eu só tirava fotos de bolsa. Até hoje é gozação na certa. Sempre gostei de me exercitar, de me cuidar. E quanto a servir aos outros, aprendi desde cedo com meus pais o quanto é gratificante ajudar”, descreve.
Com 15 anos, Adriana começou a trabalhar na farmácia montada pelo pai. “Não cursei farmácia. Aprendi muito com ele. Muito mesmo. Depois fiz o curso de auxiliar e técnico em enfermagem. Foram dois anos de curso intenso, que valeu muito”, revela.
Após alguns meses de estágio no hospital, Adriana tinha o aprendizado completo. “Já trabalho em farmácia há 35 anos. Sei as bulas de medicamentos quase que decor”, comenta.
Cuidado especial com o outro
Muitas pessoas naturais da cidade tem a imagem de farmacêuticos como “médicos” da família, como é o caso de Adriana. “É sempre gratificante. É um orgulho escutar isso dos clientes. Sempre ganho mimos e lembrancinhas, homenagens em algumas publicações de internet também. Isso é muito bom. Não tem preço você ver uma pessoa falar bem do seu trabalho”, diz.
Para ela, o trabalho na farmácia não é fácil, pois é uma rotina cansativa, de muitas horas em pé.
“Como faço o trabalho de atenção farmacêutica, daí se torna mais intenso. Porque uma coisa é pegar uma receita, ler, e entregar o remédio para o cliente. Mas quando pega uma receita, interpreta, explica item por item, pergunta se o cliente entendeu e dá toda a atenção necessária, isso faz a diferença”, comenta.
Mas, ainda assim, ela encontra tempo e inspiração para ir à academia, fazer curso de teclado, pilates, participar do grupo de bike, do grupo Amigos de Bethânia, do grupo EPC, e ainda, cursar a faculdade de Educação Física.
“Gostaria que meu dia tivesse 36 horas para poder participar de mais alguns. Meu sonho é ser catequista, mas meus horários da farmácia não coincidem com os horários da igreja. Mas não vou desistir. Daqui a pouco dá certo”, afirma.
Determinação para seguir os planos
Conciliar a vida profissional, pessoal e familiar não é tarefa fácil para Adriana. Mas, com tamanha determinação que possui, tudo se torna mais agradável, assim como foi ingressar no curso de Educação Física.
“Quando falei para meu marido: vou fazer faculdade. Ele me disse: de farmácia? Eu sorri e disse: claro que não, eu já vivi a minha vida toda dentro de uma farmácia. Quero fazer algo que eu possa, depois de me aposentar, que está bem perto, poder ajudar outras pessoas também”, revela
Ela explica que a escolha pelo curso foi, justamente, por adorar academia. “Meu projeto para o futuro, que não está muito longe, pois me formo ano que vem, é de trabalhar com serviço voluntário em casas de idosos, nas Redes Femininas, e até mesmo, quem sabe, na Comunidade Bethânia”.
Adriana afirma que a motivação para realizar tantas atividades vem do apoio da família, e o bom humor diário vem de gostar do que faz, de conviver com pessoas maravilhosas e de fazer a coisa certa.
A base
Para Adriana, o lugar da mulher é onde ela quiser. “A mulher é a base, é o alicerce da família, mas nem por isso precisa realizar tudo sozinha”, avalia.
Embora a ideia de que “lugar de mulher é na cozinha” tem diminuído a cada dia, ela acredita que ainda há muitos desafios a serem enfrentados, como melhoria de salários e melhorias nos acesso a postos de trabalhos e cargos inelegíveis.
“Hoje temos mais autonomia, mais liberdade de expressão, comandamos escolas, universidades, empresas e até cidades. A mulher não tem um trabalho específico no seio familiar, todas as tarefas da casa devem ser divididas entre todos”, pontua.