Com quase dois metros de altura, esculturas feitas de argila, papelão e madeira representam o nascimento de Jesus, em um presépio em tamanho real, na praça Capitão Amorim, em frente à Igreja Matriz de São João Batista.
A obra de arte foi construída pelo artista plástico Eduardo José Dutra de Araújo, 54 anos. Natural de Parintins, município do estado do Amazonas, ele veio para a Capital Catarinense do Calçado há um ano.
Neste período na cidade, fez grandes amigos e desenvolveu trabalhos para a Apae e para a campanha Salve a Laurinha. “Estava em casa com minha esposa e juntos pensávamos o que poderia fazer pela cidade. Foi então que surgiu a ideia de fazer o presépio em tamanho real”, conta.
Araújo é filho e neto de artista plástico. Teve uma infância incentivada à arte pelo pai, e com oito anos já o ajudava nos trabalhos. “Depois de jovem me tornei parceiro do meu pai e trabalhamos juntos no Museu do Índio, em Manaus, e também fizemos as esculturas de soldados para o quartel militar em São Gabriel da Cachoeira”, lembra.
Já adulto, o artista se profissionalizou em trabalhos em tamanho real e os cria com grande facilidade. “Eu imagino na cabeça, faço algumas expressões em frente ao espelho, para ver como fica, e vou construindo”, explica.
Para o presépio de São João Batista, Araújo pegou a ideia do pai, que fazia para a avó, a qual montou durante 54 anos na cidade em que morava.
A ideia foi compartilhada com a família, a qual incentivou bastante o trabalho do artista para São João Batista. “Minha mãe me ligou algumas vezes me lembrando de algum detalhe importante. Foi muito bacana essa construção conjunta”, diz.
Parceria
Após tomar a decisão de contribuir com o município por meio da arte, Araújo procurou a Fundação Municipal da Cultura e Juventude (Funjuve), e apresentou a ideia ao diretor-executivo, Jerry Laurindo.
“Imediatamente tive uma resposta positiva, o que me entusiasmou ainda mais, porque estava falando com alguém que também entende de arte”, conta.
Laurindo revela que, coincidentemente, na mesma época em que o artista o procurou, estava em busca de ideias para o Natal.
“Esse ano, devido à pandemia, o prefeito ainda em março, cancelou alguns eventos, e o Natal de Luz e Paz foi um deles. Mas eu, enquanto cultura, não queria que passasse em branco. Então, quando ele veio com a ideia, casou certinho com o que vinha buscando”, detalha.
Para a construção das esculturas, o artista entrou com a mão de obra, já a Funjuve disponibilizou o material.
“Optamos por materiais mais sustentáveis e recicláveis, para também trabalharmos essa questão ecológica”, destaca Laurindo.
Durante o processo de criação das cabeças e mãos, que foram feitas de argila, o artista os fez em casa. Mas, todo o restante foi realizado no Centro Cultural Batistense, durante dois meses.
Para a montagem, Laurindo e o artista Araújo acompanharam os servidores das Secretarias de Infraestrutura e Eeducação, com a construção do casebre e preparo do local. Os figurinos dos personagens também ganharam a contribuição da costureira Maria Valdete Brick.
Símbolo de afetividade
O diretor-executivo da Funjuve afirma que o presépio em tamanho real traz toda uma simbologia de afetividade, família e nascimento.
“Neste momento em que vivemos, em que o contato físico se tornou distante e busca-se evitar aglomerações, o presépio foi uma opção interessante para que as famílias visitem e vivenciem esse período natalino, de reflexão”, diz Laurindo.
Para o artista, poder ter participado do processo e contribuir com o município foi algo muito significativo. “Muito gratificante para mim, pois fiz muitas amizades e é uma cidade que escolhi viver e fui muito bem acolhido, então foi uma singela maneira de retribuir”, comenta.
Quem quiser conhecer mais do trabalho do artista, pode acessar o Instagram @eduardj.niw.