Cristiéle Borgonovo
Tranquila, a pequena Elena Darosci de Freitas, 53 dias, dorme serena enquanto a mãe, a costureira Taiana Darosci de Freitas, 39 anos, conta a trajetória de 16 anos de espera por um resultado positivo de gravidez. A pequena ainda não tem dimensão do quanto foi desejada e esperada, não só pelos pais, mas por toda a família, amigos e até mesmo pessoas que de longe torciam por esse momento.
O casal Taiana e Moacir de Freitas, 45 anos, talhador têxtil, tem uma história de cumplicidade e amor há 24 anos. Há 16 se casaram, e, por já namorarem há oito, Moacir não quis esperar para tentar ter filhos. Logo após casados, o sonho da chegada do primeiro filho começou a ser planejado. Foram quatro anos de expectativas mês a mês que não se concretizavam. “Daí achei estranho, peguei e fui fazer exames tradicionais para ver se havia algo de errado, se havia algum problema para começar a tratar, mas nada aparecia”, conta ela.
Foi então que após sete anos de casados resolveram ir os dois a médicos especialistas em fertilidade. “Todos os tipos de exame mais complexos, testes, ultrassons, tudo que poderia ser feito nós dois fizemos, mas nada aparecia de anormal”, detalha.
Chegou a um ponto que Taiana confessa que quando ia no médico tinha a esperança de encontrar algum problema, pois dessa forma conseguiria tratar. “Alguns dos médicos que fomos chegaram a nos falar que 25% da infertilidade não é diagnosticada”, revela.
Ao completar 10 anos de casados e também de tentativas, eles amadureceram a ideia de entrar na fila de adoção. “Dia 14 de abril completou seis anos que iniciamos os trâmites para adotar e na última vez que acompanhamos a fila estávamos na 5ª colocação”, relata.
Tentativas frustadas
Outra ação que realizaram foi a inseminação. Ela conta que uma amiga fez duas vezes. Após a primeira tentativa dela dar certo começaram a amadurecer a possibilidade. “Organizamos nossas economias, fizemos mais e mais exames e coletamos três óvulos saudáveis. Foram duas tentativas, a primeira com dois e a segunda com um, porém nenhuma com sucesso”, diz.
Com todos esses percalços, onde nada se concretizava, nem de forma natural, inseminação e adoção, o casal ficava entristecido a cada frustração.
Eles tentaram de todas as formas, desde a científica, como médicos, até mesmo benzedeiras, novenas, simpatias. “A gente vai se apegando a todas as alternativas”, revela.
O positivo chegou
Em junho de 2023, assim como de costume, todos os meses, após algum atraso menstrual, a costureira foi até a farmácia e comprou um teste rápido de gravidez. “Estava há 16 anos na tentativa e esperança de um positivo, mas não sei, naquela semana eu estava sentindo algo diferente, não sei explicar”, revela. E foi meio sem acreditar seguida de uma crise de risos que o positivo chegou. Taiana revela que foi um momento lindo, cheio de emoção. Isso ocorreu no intervalo do almoço, para ter a confirmação mais segura, avisou a patroa que iria se atrasar, pois faria exames de rotina.
Ela foi até o laboratório no Centro de Canelinha, chamou a proprietária, essa que já lhe conhecia por realizar sempre uma gama de exames, e solicitou o teste de gravidez. “Quando eu cheguei lá fim de tarde, ela estava sorridente, me abraçou e disse, tá aqui o resultado que eu aguardava a te entregar há anos, o teu positivo”, relembra.
Taiana conversa que ficou nervosa e quis contar para o marido que o sonho de 16 anos estava mais perto. Comprou uma roupinha de bebê, fez uma caixa personalizada e em um momento em que a família estava reunida fez a revelação. “Foi tão lindo e tão engraçado, pois em um primeiro momento nem eles entenderam, mas ali naquele dia iríamos iniciar a jornada mais aguardada e linda das nossas vidas”, diz.
A gravidez foi totalmente tranquila. No dia 18 de março de 2024, às 08h30 da manhã, no Hospital Municipal Monsenhor José Locks, em São João Batista, nasceu Elena, com menos de três quilos, mas com a intensidade de um raio de sol, capaz de iluminar a vida de uma família que lhe esperava com muito amor.
Esse será o primeiro Dia das Mães da Taiana com a filha nos braços. Sobre a adoção o casal continua na fila e na esperança de adotar o segundo filho e assim completar ainda mais a família.