Marcia Peixe
Ao redor da mesma mesa, encontram-se quatro gerações: bisavô, avô, pai e filho. Laços compartilhados, que se ressignificam a cada dia. O patriarca da família é Herondino Machado, 86 anos, morador do bairro Fernandes, em São João Batista. O filho dele Wander Machado, 54 anos, é pai de Jander Alexandre Machado, 20 anos, que agora viverá o primeiro Dia dos Pais ao lado do recém-nascido, Emanuel Alexandre Machado, de apenas 48 dias. A data que se aproxima no domingo, 9, é um momento de gratidão para a família, após viverem a perda da esposa de Herondino, Maura Dias Machado (in memorian), a ‘Dona Maura’ como carinhosamente ele a chamava, que faleceu no dia 12 de maio deste ano.
Assim com o próprio nome sugere, Emanuel que significa ‘Deus Conosco’ trouxe alegria para todos em meio ao luto. Ele nasceu exatamente no dia em que a bisavó completaria mais um ano de vida, dia 19 de junho. Maria Zoraide Alexandre Machado, 53 anos, esposa de Wander e avó de Emanuel, recorda que todos estavam expectativa para o nascimento do menino, em especial, o sogro. “Ele queria saber que hora seria o parto da ‘menina’ como chama a Jéssica, pois tinha muita vontade que o bisneto nascesse no dia 19”, explica.
Segundo ela já era noite e ele resolveu rezar e ir dormir, pois não sabia se o parto iria ocorrer naquele dia ainda. “A única coisa que eu podia fazer, era rezar. Pedi para Deus, para ele nascer antes da meia noite, para ser no mesmo dia que a Dona Maura”, conta Herondino. Jander e esposa Jéssica Cristina Crispim, 19 anos, contam que foi uma verdadeira emoção para eles o filho nascer na mesma data que a bisavó. Para a família foi como uma confirmação que Deus estava com eles.
Para além deste momento, destaca-se um ponto especial, agora todos dividem a mesma casa. Compartilham o dia a dia e também as lembranças. Como o fato de Wander ter seguido a profissão do pai: também é agricultor. “Eu comecei a trabalhar na roça ainda criança com o pai, cresci e permaneci sempre com ele. Quando casei, continuei trabalhando para ele. Depois passamos para ‘meia’ e agora só eu e a Zoraide”, enfatiza.
Herondino acrescenta ainda que deste tempo dedicado à agricultura com o plantio de cana-de-açúcar, mandioca e fumo, eles sempre se respeitaram, prezavam pela harmonia e pela paciência. Já da convivência entre o avó e o neto, também há muitas memórias. “Ele estava sempre comigo, me acompanhava quando eu ia cortar trato, dar comida para os bois e muitas histórias engraçadas de quando ele tinha entre 3 e 4 anos”, comenta entre risos.
O que fica entre estas quatro gerações é a certeza de que o amor permeia o convívio entre eles, e que a Dona Maura contribuiu para eles pudessem contar esta história. Afinal, foram 64 anos de união matrimonial, sete filhos, 20 netos, 21 bisnetos e um tataraneto.