Emanuel Ribeiro da Silva, dois anos e 11 meses, é o nome do bebê arco-íris de Eliani Ribeiro, 40, e Edinilson da Silva, 43. Mas, antes dele, o casal vivenciou a gestação de Ésillin Gabriely, que morreu ainda no ventre da mãe, com 34 semanas.
Com quatro anos de casados, o casal descobriu a primeira gestação, que ocorreu de forma natural, trazendo muita alegria para a família.
Eliani passou a fazer o acompanhamento e seguia com uma gestação perfeita, em que a bebê evoluía bem, com exames bons e ultrassons perfeitas. Nada que indicasse qualquer problema.
Porém, em uma noite, Eliani já estava deitada quando sentiu como se estivesse fazendo xixi. “Levantei, fui ao banheiro, mas aquele ‘xixi’ não parava de sair. Chamei meu marido, que dormia, e disse que achava que a bolsa havia estourado”, conta.
O casal foi para o hospital de São João Batista, onde a mãe foi atendida por um médico clínico geral, que fez o exame de toque. As enfermeiras mediram os batimentos da bebê e estava tudo normal. Porém, por ser prematura, não teria como nascer no hospital de São João Batista.
“Fomos transferidas para outro hospital que eu tinha plano de saúde e havia UTI Neonatal com vaga, que era o que estava demorando para conseguir pelo SUS”, conta a mãe.
No outro hospital, a mãe foi encaminhada para a ala de gestantes e quando a enfermeira tentou ouvir os batimentos da bebê não conseguiu, mas se manteve em silêncio.
“Percebi que não era um bom sinal. Ela buscou outro aparelho e nada de ouvir. Perguntei se tinha alguma coisa errada e ela disse que talvez fosse do aparelho que não estava funcionando, e que buscaria outro. Mas demorou”, lembra.
Eliani comentou com o marido que a bebê poderia estar dormindo, por isso não conseguia ouvir. Uma maneira que achou de se manter positiva. A enfermeira retornou e avisou que o médico conversaria com ela.
Momentos de tensão
“Fui para a sala da ultrassom, o médico colocou o aparelho, ficou sério, mexia e não falava nada. Perguntei o que tinha e ele disse que não tinha batimentos. Disse que ela devia estar de ‘ladinho’, por isso não estava dando para ouvir”.
O médico continuou mexendo, Edinilson neste momento já estava pálido. Quando o médico confirmou que não tinha mais batimentos, o pai só pediu para o médico cuidar de Eliani e desmaiou.
A mãe foi levada para outra sala, onde foi questionada se queria ter parto normal ou cesárea, sendo que o parto normal seria seco e induzido, podendo chegar a 24 horas para ter dilatação. “Na hora só pensei que queria sofrer menos e a indução ao parto normal seria mais um longo período de dor”.
Após a cesárea feita, os papéis para a funerária foram preparados e Edinilson fez o enterro sem velório da filha.
Busca por respostas
Em meio aos sentimentos de perda inconsolável, de forma inexplicável e profunda tristeza, o casal seguia com muitas perguntas sem respostas, e vivendo um luto na alma.
“Acho que agora que estou superando. Busquei em homens, médicos, exames por muito tempo a resposta, mas Deus que me deu o entendimento e me confortou”, afirma a mãe.
Eliani lembra que o resguardo foi um momento doloroso também, em que passou pelo processo de secar o leite, dor da cesárea e ainda a dor emocional de ficar durante esse período em casa, sem ter a filha nos braços. “Quando pude, comecei a trabalhar, fiz cursos e sempre me mantive ocupada para fugir dos pensamentos negativos”, diz.
Depois da perda em 2012, o casal teve mais uma perda gestacional em 2016. Eliani estava de sete para oito semanas quando sofreu um aborto. “Depois disso tivemos nosso encontro com Jesus Cristo e foi quando as coisas começaram a mudar”.
Foi então que, em 2017, Eliani engravidou novamente e, desta vez, do bebê arco-íris Emanuel.
Medo e fé
A mãe comenta que viver a nova gestação foi uma luta de fé e esperança para passar por cima de todo o medo e lembranças dos momentos passados anteriormente.
“Foi uma gestação tranquila, mas com muito cuidado e atenção. Fazia ultrassom todos os meses para ter certeza que estava tudo bem e acalmar um pouco minha mente e coração”, diz.
Emanuel nasceu com muita saúde, após uma cesariana programada. Hoje, para Eliani, ser mãe é amar incondicionalmente, dizer ‘eu te amo’ 100 vezes por dia, cheirar, beijar, cuidar e querer ficar grudada o tempo todo.
“Ser mãe de bebê estrela é ter uma parte do coração no céu e a certeza que está no colo do Pai. Já ser mãe de bebê arco-íris é ter a outra parte do coração aqui com nosso tesouro mais lindo do mundo que Deus nos permitiu criar”.
Eliani, que teve um bebê natimorto, ressalta que é preciso acreditar, não desistir e continuar a lutar pelo sonho de ser mãe. “Busque em Deus o conforto e confie que Deus pode restituir, Deus é fiel e hoje temos o Emanuel que nos lembra o tempo todo que Deus é conosco”, aconselha.