Cristiéle Borgonovo
No sábado, 8, mais de cem países celebram o Dia Internacional da Mulher. A data, muitas vezes romantizada no Brasil, tem como essência relembrar a luta das mulheres por respeito. Para destacar esse momento, uma entrevista especial foi realizada com Diully Aparecida Rodrigues do Nascimento, 42 anos, moradora do bairro Arataca, no interior de São João Batista.
Ao lado das filhas Emilly do Nascimento, 23 anos, e Júlia do Nascimento, 22, formam um trio de mulheres fortes, que a cada amanhecer buscan novos objetivos e superação. Diully conta que, na infância, morou com os pais no bairro Cardoso. Ela, que é a filha caçula, relembra momentos felizes, apesar das dificuldades e da vida simples. O pai trabalhava como caminhoneiro e a mãe atuava como costureira.
Desde cedo, Diully teve contato com o comércio. Quando menina, saía com a irmã mais velha para vender as produções da mãe. Recorda com carinho os tempos em que, aos 10 anos, ambas viajavam de ônibus até Florianópolis para comercializar roupas. “Eram outros tempos. Hoje, dificilmente os pais permitiriam isso, mas vejo que essas experiências nos tornaram mais seguras, independentes e confiantes”, afirma. Também trabalhou na Pehnk Materiais para Construção e outras lojas.
Aos 18 anos, casou-se com o primeiro namorado, o saudoso Dirley do Nascimento. Com emoção nos olhos, descreve essa união como uma parceria baseada no amor e no respeito. Juntos, construíram uma linda família. Para ela, o Dia da Mulher não trata de competição ou superioridade, mas de complemento e apoio mútuo. No casamento, essa troca se refletiu no projeto de vida em comum.
No bairro Arataca, edificaram a casa onde moraram. Também foi ali que iniciaram os trabalhos no engenho de farinha de mandioca, onde o casal deu os primeiros passos no empreendedorismo. Sempre presente nos negócios da família, Diully conciliava o trabalho com a educação das filhas.
Mas, em maio de 2014, um acidente de moto interrompeu bruscamente a trajetória de Dirley, mudando completamente a rotina da família. Apesar da dor e do luto que a acompanha há mais de uma década, Diully encontrou nas filhas forças para seguir em frente.
Em 2015, vendeu a parte que possuía no engenho de farinha de mandioca e aceitou uma nova oportunidade no Supermercado J Vargas. Com experiência no comércio, aceitou o convite da cunhada para ingressar na equipe e permanece atuando no mercado até hoje como gerente.
Conquistas ao lado das filhas
Esse ano de 2025 será especial e marcante. Diully conta com o coração cheio de orgulho que as duas filhas irão de formar na faculdade. Emilly em Nutrição, onde cola grau nesse sábado, 8, e a caçula Júlia em agosto irá se graduar em Ciências Contábeis. Em meio a todas as dificuldades e superação ela se mostrou forte em como os filhos são exemplos dos pais, as meninas se inspiram na garra da mãe. “Fico feliz em saber que elas aos poucos estão realizando os sonhos. Elas sempre trabalharam aqui no mercado, desde novinhas e sabem o valor de cada meta alcançada”, conclui.
Além da formação acadêmica, Emilly e Júlia já fazem planos para o futuro. A família acredita que a dedicação e o esforço de cada uma abrirão novas portas e oportunidades. Com os aprendizados adquiridos tanto nos estudos quanto na vida. No futuro elas retribuirão tudo o que receberam e continuarão a construir caminhos de sucesso. Para Diully, essa é a maior prova de que o amor e a resiliência transformam vidas.
Sobre a data
O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é uma data que simboliza a luta histórica das mulheres por igualdade, respeito e direitos. O movimento que deu origem a essa celebração remonta ao início do século XX, quando trabalhadoras de diversos países reivindicaram melhores condições de trabalho, direito ao voto e participação ativa na sociedade. Embora ao longo dos anos a data tenha ganhado um tom comemorativo, mas a essência continua sendo a valorização da força, da resiliência e das conquistas femininas.
Além de reconhecer o papel fundamental das mulheres na sociedade, o Dia Internacional da Mulher reforça a importância da equidade de gênero em todos os âmbitos da vida. Seja no mercado de trabalho, na política, na educação ou na família, as mulheres seguem conquistando espaço e quebrando barreiras. A celebração da data vai além de homenagens e flores, sendo um chamado à reflexão sobre desafios ainda enfrentados e a necessidade contínua de respeito e oportunidades justas para todas.