Cristiéle Borgonovo
Na quinta-feira, 30, os católicos do Vale do Rio Tijucas celebraram a festa de Corpus Christi, uma das mais importantes e tradicionais datas do calendário litúrgico da Igreja Católica. Mas qual a origem dessa celebração, o significado profundo para os fiéis e a importância da realização nos dias de hoje?
Corpus Christi, que significa “Corpo de Cristo” em latim, é uma solenidade que remonta ao século XIII. A festa foi instituída pelo Papa Urbano IV em 1264, após um milagre ocorrido na cidade de Bolsena, na Itália. Segundo a tradição, durante uma missa, um sacerdote que duvidava da presença real de Cristo na Eucaristia viu a hóstia consagrada transformar-se em carne e sangue, reforçando a fé na transubstanciação — a doutrina de que, na missa, o pão e o vinho se transformam no corpo e sangue de Cristo.
Para os católicos, Corpus Christi é uma oportunidade de adoração e veneração ao Santíssimo Sacramento, celebrando a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia. A data é marcada por procissões pelas ruas, onde a hóstia consagrada é levada em ostensórios, cercada de cânticos, orações e uma atmosfera de profundo respeito e devoção. “Para nós, católicos, essa data é muito importante no calendário religioso, pois é o dia de celebrar a nossa devoção ao corpo santo de Deus”, destaca Deivide Tiago Tomasi, 35 anos, pároco de São João Batista.
Durante a procissão, é comum a preparação de tapetes coloridos, feitos de serragem, flores, areia e outros materiais, formando desenhos e símbolos religiosos. Essa tradição, especialmente forte no Brasil, é uma expressão de fé e criatividade popular, envolvendo toda a comunidade na preparação e celebração do evento.
A celebração de Corpus Christi tem um impacto significativo tanto para os fiéis quanto para a comunidade. Espiritualmente, reforça a fé na Eucaristia e na presença de Cristo entre os homens. É um momento de renovação da fé, de agradecimento e de reflexão sobre o mistério central do Cristianismo. Socialmente, Corpus Christi promove a união e o engajamento comunitário. As procissões e os tapetes são frutos do trabalho coletivo, unindo pessoas em um esforço comum. Esse senso de comunidade e cooperação é um dos aspectos mais belos da festa.
Comunidade do interior faz tapetes com cobertas
Para aquecer o coração e aflorar a solidariedade, os membros da coordenação da Capela de São Sebastião, no distrito de Tigipió, em São João Batista, realizaram na manhã fria de quinta-feira, 30, um tapete solidário. Foram arrecadados cerca de 80 mantas, cobertas e edredons. Esses serão doados para famílias carentes que, por ventura, estão passando frio e também para as vítimas do Rio Grande do Sul, atingidas pela maior enchente que assolou o estado durante este mês de maio. A catequista Patrícia Jacinto Peixer, que também é voluntária na comunidade, destaca que a ideia surgiu no último domingo, 26, pelo CPC – Conselho de Pastoral da Comunidade. “Mesmo a ideia tendo surgido em cima da hora, todos os participantes se surpreenderam com o resultado. Ficamos imensamente gratos a todos que nos apoiaram nessa causa. Em nome da nossa presidente Rosana Formento Hermes, queremos de coração agradecer”, destaca.
Agora todas as doações serão lavadas, higienizadas e seguirão para as casas das pessoas que necessitam. “O intuito foi mesmo de solidariedade com o próximo”, explica Patrícia. Em São João Batista, a Capela São Sebastião, há anos, é a sede da procissão de Corpus Christi no interior.
Tapetes de serragem são realizados pela Comunidade Bethânia e Igreja Matriz
Tanto a Comunidade Bethânia, no bairro Timbezinho, quanto a Igreja Matriz de São João Batista realizaram a Santa Missa em devoção ao Corpus Christi às 15h. Ambas realizaram os tradicionais tapetes de serragens coloridas que embelezaram os arredores, tanto de Bethânia quanto do Centro da cidade, que se transformaram em palcos de adoração, arte e devoção, refletindo a beleza e a profundidade da fé católica.