A Câmara de Vereadores de São João Batista realizou na noite de quarta-feira, 25, uma sessão solene para homenagear sete sapateiros. A solenidade ocorreu em virtude da passagem do Dia do Sapateiro, celebrada em 25 de outubro.
Os sapateiros homenageados esse ano são: Maria Bernadete Schimidt Sagas, Jorge Carlos Gartner, José Octávio Amorim, Maria Odete dos Santos de Souza, Marileia Amorim Tomaz, Tânia Mara Silva Cipriani e Vilmar da Silva.
Solenidade
A honraria tem a finalidade de reconhecer a importância de todos os sapateiros atuantes e já aposentados, que iniciaram essa trajetória de tamanho sucesso, que contribuíram e contribuem para o desenvolvimento econômico, técnico e classista.
Conheça os Homenageados
Léia
Marileia Amorim Tomaz, 53 anos, a Léia, é sapateira desde os 13 anos. Desse período de dedicação atuou apenas em duas empresas de São João Batista. Foram 20 anos da Delvaz Calçados e atualmente, há também há duas décadas é colaboradora da Via Scarpa Calçados.
Sobre o início na trajetória profissional, recorda com carinho da primeira patroa, a Valdecir Sotopietra Giacomelli, a Tita. Iniciou na função de acabamento, lá atuou por dois anos. Depois seguiu para a preparação e modelagem. Foi na Calçados Delvaz que aos 15 anos foi convidada a representar a fábrica na primeira edição do Garota do Calçado. Foi eleita 1ª princesa e miss simpatia.
Após duas décadas na Calçados Delvaz começou a trabalhar na Via Scarpa. Atualmente também trabalha há 20 anos, no setor de preparação, empresa no qual tem muito carinho e respeito por todos.
Tânia
Tânia Mara Silva Cipriani, 65 anos é natural de São João Batista e teve a primeira experiência profissional no setor calçadista em 1981. Ela era estudante e iniciou um estágio na fábrica de calçados Lamonela. Após o estágio foi contratada e por 17 anos integrou o grupo.
Depois atuou em outras empresas calçadistas como a Show Rio, Geneves Indústrias de Calçados, Calçados Márcia e Juliana Nunes. Com da bagagem profissional resolveu empreender e por uma década foi proprietária da Zhoro. Com o fim da empresa iniciou a atividade profissional da Zabumba pelo período de oito anos até a chegada da aposentadoria. Após uma jornada no universo do sapato resolveu mudar. Atualmente mescla a função de avó coruja com o trabalho home office na área da advocacia.
Tavinho
José Octavio Amorim, 60 anos, o Tavinho, é natural de São João Batista, e tem vida profissional marcada por atuar grande parte no setor calçadista. O primeiro emprego foi aos 17 anos, na empresa Teixeira Calçados de propriedade do saudoso Aurino Teixeira, onde aprendeu todo o processo da produção do calçado com o Beto Colioni. Lá exerceu a função por nove anos.
Após esse período, teve uma breve experiência profissional na Refinadora Catarinense, mais conhecida como Usina. Mas a verdadeira paixão era o calçado e isso fez com que ele retornasse ao setor.
Ao lado da esposa, do irmão e um amigo montou em casa um ateliê de preparação de calçados. Nele efetuavam todo o processo de montagem e entregavam o produto pronto para ser comercializado.
Em 1997, decidiu fechar o ateliê e voltou a trabalhar como empregado na N&C Calçados (Contramão), onde atuou por dois anos e meio no cargo de Montador. Em Seguida, trabalhou nos calçados Sheene na mesma função por mais três anos e meio e no Calçados Duarte por um ano.
Em 2004, em conversa com o amigo Arcelino, que na época era encarregado, recebeu a proposta para iniciar a jornada de trabalho na Indústria de Calçados Ala, no mesmo cargo de montador de calçados
Bernardete
Maria Bernadete Schimidt Sagas, 76 anos, nasceu em Major Gercino, mas, aos sete mudou-se com a família para São João Batista. Aos 16 anos começou a trabalhar no Calçados Márcia, no setor de acabamento, seu primeiro contato com o universo calçadista, lá atuou por sete anos. Depois desse período, já casada teve quatro filhos. Entre os anos de 1970 a 1984 se dedicou a família. Em 1984 voltou a rotina na área calçadista e até 1986 exercia a atividade no setor de acabamento na Lamonela.
Depois desse período montou um atelier de preparação e costura em casa, onde atuou 1986 até 1990. Depois, por 15 anos, até 2005 trabalhou como revisora, até a aposentadoria. Após aposentada se dedicou a cuidar da mãe. Ela recorda que gostava de trabalhar como sapateira e tem muito carinho pela profissão que exerceu durante a trajetória profissional.
Jorge
Jorge Carlos Gartner, 67 anos, é natural de Brusque, mas aos cinco anos mudou-se com a família para São João Batista, a cidade natal na mãe. Recorda que o primeiro emprego no setor calçadista, foi como lixador de taco. Depois, por seis meses, trabalhou na esquenta do Edésio Melzi, onde fazia todo o processo do sapato.
No Calçados Vera Cruz foi trabalhar no setor de acabando, onde recorda que a produção era de cerca de 100 pares por dia, uma quantidade muito grande para os padrões de produção da época.
Depois, mudou de ramo, onde por 14 anos trabalhou na USATI – Usina de Cana de Açúcar – até o fechamento da sede em São João Batista em 1991. Dessa forma voltou para o setor calçadista, onde na extinta Bruno Franco, por cinco anos atuou como cortador de palmilha.
Por oito meses, também fez parte da equipe da fábrica de palmilhas de Atanásio do Santos. Também atuou na Lamonela, Suzana Santos, 100% Calçados, Yale, Barbara Krás e se aposentou no Calçados Ala, onde trabalhava como cortador de cabedal.
Vilmar
Vilmar da Silva, 67 anos é natural de São João Batista e sempre atuou em uma única profissão, a de sapateiro. Aprendeu o ofício aos 14 anos, na empresa Irmãos Zunino. Na época, por três meses, até aprender a trabalhar não recebia salário, somente depois desse período é que começou a receber o ordenado. Lá trabalhou por cinco anos.
Depois trabalhou no Calçados Márcia e Calçados Vera Cruz. Foi no Calçados Raphaella Booz que trabalhou por mais tempo, foram 23 anos de dedicação. Atuava como cortador e encarregado no setor de corte. Também trabalhou na Laura Porto por 15 anos, exercendo a mesma função. Em 2011 se aposentou, e os primeiros meses aposentado lhe deixou doente, precisando de tratamento, e foi o retorno ao universo dos calçados que lhe ajudou melhorar. Hoje trabalha por dia, meio período, também no setor de corte na profissão que ainda exerce com tanto orgulho.
Maria Odete
Maria Odete dos Santos de Souza, 68 anos é batistense e durante toda a vida profissional atuou no setor calçadista. Moradora do Centro, recorda que o primeiro empego foi a Irmãos Santos, que tinha como um dos proprietários o Vavá, isso quando tinha 19 anos. Iniciou no setor de acabamento e com o passar do tempo atuou também na área do corte. Lá ficou por cerca de três anos.
Em seguida começou a trabalhar na pequena fábrica do tio Heitor Pereira, em uma popularmente chamada. Outro local no qual atuou foi na Fox Trote que era de propriedade do irmão. Lá trabalhou no setor de costura.
Depois começou a fazer atelier de preparação e costura atendia fabricas de grande e pequeno porte. No ateliê trabalhou até a filha completar oito anos. Foi uma forma de poder trabalhar e cuidar da pequena.
Até 2010 exerceu a profissão de sapateira na Menina Rio. Ao sair da fábrica retomou as atividades no atelier até dezembro de 2022, onde se aposentou de vez do universo calçadista.