Cristiéle Borgonovo
A chegada do fim de ano traz muitas memórias afetivas, principalmente, quando desde criança se vive em um ambiente regado de amor, carinho e tradições. Dessa forma, os neotrentinos Luiz Augusto Tridapalli Archer, 45 anos, e Magda Merizio, 48, contam sobre as lembranças vividas em relação a construção dos presépios próximo a chegada do Natal.
Augusto relata que sempre teve vontade de fazer um presépio, apesar de viver em um ambiente onde essa tradição é tão forte, ele nunca tinha montado o próprio presépio. Pelo primeiro ano, o casal participa do projeto da Secretaria de Turismo de Nova Trento, Caminho dos Presépios, onde receberam o convite da organizadora do projeto Neide Inês Boso Cadorin. “Esta foi a primeira vez que tive a oportunidade de concretizar este sonho. Graças ao incentivo de minha namorada. Desde criança via em minhas duas famílias a confecção do presépio nesta época do ano, na família de minha mãe, a família Tolomeotti Tridapalli no bairro Besenello e pela família de meu Pai, a família Orsi Archer no Centro em Nova Trento”, conta
Das memórias, relembra que a tia Cremilda Tridapalli todos os anos fazia um maravilhoso presépio na sala de casa. Uma tradição que vinha da mãe Josephina Tolomeotti Tridapalli. “Lembro como as figuras ali representadas eram lindas, estátuas antigas, grandes e bem-feitas, onde as decorações com barba de velho e musgo eram escolhidas a dedo. Eu ficava horas olhando e, claro, perguntando o significado de tudo aquilo. Fui agraciado com magníficas histórias sobre Jesus e aquela cena ali representada”, destaca.
Já a outra avó, a Rosa Maria Orsi Archer Luiz, ele revela que ela era detalhista e bem criativa. As estátuas eram menores, mas haviam mais personagens. Ela representava bem as estradas. Os caminhos até o Menino Jesus eram decorados com muitos elementos da natureza. Ela gostava de inserir flores, pedras e sempre havia uma grande lagoa. Rosa colocava o presépio em cima de uma grande mesa, também na sala de casa, onde novamente Luiz ouvia lindas histórias.
Nesta primeira montagem do presépio, ele revela que tentou trazer um pouco do que aprendeu e viu durante a infância. “Ainda consigo fechar os olhos e lembrar da riqueza de detalhes, em que minha tia e minha avó, demonstravam o grande momento do catolicismo, o nascimento de Jesus Cristo. A simbologia que isso representa é uma alegria até hoje, nesta época do ano, a felicidade está no ar”, conta emocionado.
Ele ainda guarda a pequena estátua do Menino Jesus, que tem mais de 70 anos de fabricação e que pertencia a avó Rosa.
Magda releva que montar o presépio é manter acesa a chama da tradição
A cabeleireira Magda Merizio, namorada de Luiz Augusto, conta que a família também traz consigo essa tradição no período natalino. Ela recorda que a avó Joana sempre montava o presépio em cima do fogão a lenha. E foi para manter essa tradição, que nesse ano o presépio também foi montado nesse mesmo local da casa. “São memórias afetivas que voltam à tona, como por exemplo, de eu ir com o meu pai mata adentro para pegar barba de velho, flores, elementos da natureza que trazem essa magia. O momento em família e estar junto isso não tem preço”, conta.
Outro fato marcante que ela relata é que, antes de falecer, a avó pediu que para ela que nunca deixasse a tradição morrer, que todos os anos, até mesmo se o ano não tenha sido tão bom, que ela sempre montasse o presépio para enaltecer o que há de mais importante na tradição católica, o nascimento de Jesus.