Victor de Souza – 9º ano
Existiu uma comunidade, constituída ainda nos tempos da colonização da antiga Vila Boa Vista, um lugar que as pessoas conheciam como “Raiz”. Essas terras, hoje fazem parte do município de Major Gercino, e só são visitadas, eventualmente, por alguns motociclistas trilheiros, devido ao difícil acesso. Para chegar lá, só com alguém que conhece a região, que fica aos fundos das terras indígenas da aldeia Guarani Tekoá Vy’a, para mostrar o caminho. Nessa colônia, ainda no século XIX, viveram algumas famílias, entre elas membros da família Perão, que ajudaram na ocupação inicial do bairro Arataca. Havia uma serraria por lá. Retirar da mata e comercializar madeira, foram atividades que moveram a economia da região desde a chegada dos primeiros colonos no interior de São João Batista.
A “Raiz” sofreu no final dos anos 1890, com um grande surto de malária. Nessa época, por desconhecimento sobre o contágio da doença, pela picada de mosquitos contaminados, as autoridades locais proibiram os moradores do lugar de saírem dessa colônia, até que a doença parasse de matar as pessoas que por ali viviam e trabalhavam. A ignorância os fazia pensar que a transmissão da doença se fazia pelo ar, e por isso, aquelas pessoas dali não podiam sair enquanto houvesse alguém contaminado. Longe do cemitério mais próximo, os que morriam na “Raiz”, eram sepultados em um local improvisado, e sem a unção de um padre. Esse cemitério improvisado, ainda é possível de se identificar em meio a mata, pois cruzes de ferro e sepulturas de pedra, ainda são possíveis de se localizar. Muitos acreditam que o local ficou amaldiçoado, pois o gado por lá não se inquieta, e muitas pessoas preferem evitar ir ao local, por causa do mau agouro que dizem existir. Muitos ali morreram sem as devidas providencias que aliviavam suas almas.
A “Raiz”, já século XX, ainda recebeu trabalhadores que reativaram a serraria. Dessa época restaram ruínas, pois por pouco tempo ficaram na região. Esses últimos homens, quando partiram, deixaram para trás, um antigo caminhão e uma locomotiva, que servia como motor para as máquinas que serravam madeira, desse último empreendimento que se instalou nesse lugar “abandonado por Deus” e pelos homens. Viver e morrer na “Raiz” fez muitos sofrerem na alma, um sofrimento que acometeu os que partiram prematuramente e a consciência dos que ficaram.