Liriane Garcia (3º ano E.M.)
Em um dia comum na Colônia, onde as crianças brincavam na rua e as famílias trabalhavam nas roças, Martinho Marcelino de Jesus chegava a passos largos com seus homens.
O bugreiro e seu bando traziam consigo meninas órfãs para serem entregues a casais de colonos para criarem. Tratava-se de crianças indígenas poupadas das matanças proporcionadas pelos bugreiros, que por critério, optavam por deixar jovens meninas viverem. Por motivos eminentes, as meninas estavam muito assustadas com tudo que aparentemente haveria acontecido com seu aldeamento.
Ao se aproximar do vilarejo, Martinho sentou-se em uma roda e começou a contar o que havia acontecido na noite anterior para os moradores locais que o receberam. Segundo o bugreiro, uma das jovens poupadas no ataque estava tão desesperada, que não aceitara seguir com o bando. Antes de sua partida do local do acontecido, a indígena insistia em encostar seu ouvido no chão repetidas vezes e gritava. A menina queria fugir a todo custo. A indígena lutava para conquistar sua liberdade.
Naquele momento da história narrada por Martinho, os bugreiros tentavam acalmá-la para prosseguirem com a viagem de volta para casa. Dizia ele que tentaram entender o que ela queria dizer, mas não conseguiam se comunicar. De acordo com Martinho, a situação se estendeu por algumas horas, até que em um momento, seu bando desconfiou que ela pudesse estar ouvindo passos de outros indígenas que se aproximavam. A região onde atuavam naquele momento possuía vários aldeamentos. Deduziram que outros nativos conseguiriam ouvir os gritos da garota e pudessem vir em socorro, pois não parava de gritar.
Martinho, que desabafava com os colonos sobre aquele acontecido, disse que mesmo depois de ponderar, acabou decidindo que seria melhor “passá-la” a facão e levar somente as outras indígenas que estavam mais calmas para a Colônia. E assim teriam feito. Um dos capangas assassinou a jovem. Nessa hora, um silêncio estranho pairou entre todos os colonos que escutavam Martinho terminar sua história. Pela primeira vez, algo havia saído de seus planos.