Unindo a dança e a arquitetura, o espetáculo “Dentre – circulação, intercâmbio e memória”, criado por Lídia Abreu e Mauro Filho, da Karma Coletivo de Artes Cênicas, chega em quatro cidades catarinenses entre março e maio. Ao todo, serão realizadas oito apresentações (duas por município), além de quatro oficinas (uma por município) com intercâmbio entre os artistas das diferentes localidades. As cidades que irão receber o projeto são Itajaí, no Vale do Itajaí; Canelinha, na Grande Florianópolis; Lages, na Região Serrana; e Joinville, no Norte Catarinense. Tanto as apresentações quanto as oficinas serão gratuitas e abertas a pessoas de 14 anos ou mais.
Os ingressos para o espetáculo serão distribuídos 1h antes no local do evento de cada cidade, já para as oficinas, que irão contemplar 20 pessoas, é preciso se inscrever pelo email: [email protected]. O projeto “Dentre – circulação, intercâmbio e memória” foi aprovado na edição 2022 do Prêmio Elisabete Anderle de Incentivo à Cultura, e os interessados em assistir a obra e participar da oficina podem conferir a programação completa abaixo da matéria.
“Dentre” nasceu entre 2020 e 2021, do contato, aproximação e pesquisa de memória de espaços arquitetônicos históricos de Itajaí, local onde os artistas Lídia Abreu e Mauro Filho vivem e trabalham. É um projeto criado, mais especificamente, a partir da estrutura da Casa da Cultura Dide Brandão, antigo Grupo Escolar Victor Meirelles, prédio inaugurado em 1911, e estreou neste mesmo espaço em julho de 2021. A obra de dança foi criada e pensada para ser adaptada a partir de prédios arquitetônicos históricos com diferentes estruturas e estilos. Neste sentido, será levada para diferentes cidades catarinenses entre março e maio de 2023.
Em abril, a Casa Sant’Anna, atual Casa de Cultura de Canelinha, inaugurada em 1902, em Canelinha, é palco do projeto no dia 14, com as duas sessões de “Dentre”, e no dia 15, com a oficina. Já nos dias 12 e 13 de maio, é Joinville quem sedia o evento. No dia 12, serão realizadas as duas sessões da obra de dança, no Museu de Arte de Joinville, anteriormente Casa Ottokar Doerffel, inaugurada em 1854, e no dia 13, será realizada a oficina, que ainda não tem espaço definido para acontecer. Finalmente, encerrando o circuito de apresentações, em 20 de maio, o espetáculo chega em Itajaí, com a realização de suas duas sessões no Museu Histórico de Itajaí e, no dia 21, com a oficina na Casa da Cultura Dide Brandão.
O objetivo da Karma ao levar o espetáculo “Dentre” para as diferentes cidades catarinenses é estabelecer um diálogo com os públicos locais sobre criação em dança, memória, preservação de patrimônio e outros temas correlacionados. Também visa capilarizar o debate sobre dança e arquitetura em Santa Catarina, incentivar a criação em dança no Estado, debater sobre patrimônio e memória e estimular o intercâmbio entre artistas de diferentes regiões catarinenses. Além do espetáculo, os artistas Lídia Abreu e Mauro Filho irão ministrar a oficina gratuita “Arquiteturas do corpo”. Com carga horária de 2h, cada aula contará com 20 vagas, e abordará aspectos da pesquisa e montagem do espetáculo “Dentre” a partir das relações entre dança e arquitetura. A oficina é indicada para interessados em dança, teatro, performance, artes visuais e arquitetura.
Lídia Abreu, uma das idealizadoras, explica que “Dentre” surgiu inicialmente, em 2019, a partir do seu desejo de aproximar suas duas áreas de atuação: a dança e a arquitetura. As pesquisas para o projeto haviam recém-iniciado quando, em 2020, começou a pandemia, e a inquietação criativa foi substituída pela dúvida, pela incerteza e pelo medo. “Isso nos forçou a iniciar o processo de forma diferente, onde antes havia salas de ensaio e esforço físico, predominaram as telas e as práticas teóricas. Ao retomarmos a presença física, estes temas tão íntimos acumularam outras camadas, atravessados pela crise sanitária e política dos nossos tempos. “Dentre” é uma busca pessoal de reconhecimento e aceitação de ambiguidades, mas é também um recorte temporal e uma tentativa de experiência coletiva do espaço-tempo a partir do meu próprio corpo e das relações que estabeleço com as arquiteturas”, destaca a artista.
O projeto é relevante considerando que circular com obras em dança contemporânea com este viés é de extrema importância para a criação de memória e incentivo à produção em dança contemporânea em Santa Catarina, especialmente, pois há poucos trabalhos em dança contemporânea no Estado. Assim, garantir que obras de dança circulem é dar sobrevida a esses trabalhos que sofrem com a falta de circuito e políticas públicas para a dança em território catarinense. Além disso, a ocupação destes espaços com as presenças realizando o registro destas performances é também garantir um registro destas construções no tempo e espaço.
SOBRE O COLETIVO
A Karma Coletivo de Artes Cênicas, formada pelos artistas Leandro Cardoso, Lídia Abreu e Mauro Filho, estabelece relações nas intersecções das linguagens da dança, teatro e performance. A pesquisa coletiva tem foco em conceitos como: dramaturgia expandida, fisicalidade e presença. Seus trabalhos buscam dialogar com o tempo presente, através de procedimentos cênicos, ações de formação e encontros. O coletivo tem residência em Itajaí, Santa Catarina, desde 2013. Já fizeram parte do seu repertório os trabalhos: Em Respeito à Dor (2014), Berlim: dois corpos à procura (2015), Cartografia do Assédio (2017) e Dois ao Cubo (2018). Atualmente, mantém em seu repertório os trabalhos: CaÊ (2018), Dentre (2021) e Proibido Acesso (2021). Desde sua fundação, a Karma vem se apresentando em diversas mostras e festivais pelo Brasil e exterior. Além da criação e manutenção de espetáculos, o coletivo também fomenta projetos de formação para artistas da cena por meio do Conexões Contemporâneas (realizado em 2016, 2018, 2019 e 2022), que promove oficinas intensivas com profissionais de renome das artes da cena, além de apresentações de espetáculos. O grupo ainda produz o CORES: arte, gênero e diversidade, primeiro evento de arte que discute as questões de gênero e sexualidade em Santa Catarina, realizado em 2016 e 2018, com espetáculos, performances, exposições e rodas de conversa.
PROGRAMAÇÃO:
CANELINHA
14/04 (sexta-feira) – Duas sessões do espetáculo (19h e 21h)
Local do espetáculo: Casa Sant’Anna (Av. Joaquim José de Santana, Canelinha).
15/04 (sábado) – Oficina “Arquiteturas do Corpo” (às 10h), com Lídia Abreu e Mauro Filho
Local da oficina: Espaço de Artes Galeão
JOINVILLE
12/05 (sexta) – Duas sessões do espetáculo (horário a confirmar)
13/05 (sábado) – Oficina “Arquiteturas do Corpo”, com Lídia Abreu e Mauro Filho
Local do espetáculo: MAJ – Museu de Arte de Joinville
Local da oficina: A confirmar
ITAJAÍ
20/05 (sábado) – Duas sessões do espetáculo (horário a confirmar)
21/05 (domingo) – Oficina “Arquiteturas do Corpo”, com Lídia Abreu e Mauro Filho
Local do espetáculo: Museu Histórico de Itajaí
Local da oficina: Casa da Cultura Dide Brandão