Maria Beatriz Dalsasso Corte
Falar de Canelinha, seu passado, tradições, sagas surreais, valores culturais, herdados por nossos ancestrais,nos pede momentos de lazer e orgulho. Estes conterrâneos, que nortearam os destinos memoráveis, escreveram suas rotinas, em ricos detalhes, do mais profundo bom humor, onde a criatividade, os vínculos familiares, em tardes ensolaradas de prosas, nos remetem aos tempos, que sentar nas varandas de compadres, comadres, era um glamour social, da mais gratificante honra.
Aqueles irmãos paradoxais, em seus partidos políticos, e também, super “manos”, nos aspectos gerais de suas vidas, jorravam sabedoria abundante, nos desafios de um tempo bucólico, comunicativo, conhecidos como Lindolfo e Laudelino Laus. Ainda hoje,influenciam nossos bordões, e são comentados na linguagem de várias gerações.
Nosso saudoso Lindolfo Laus, casado com Rosa Pia Laus, in memorian, formavam um casal, bem harmonioso. |Pai de nosso ex prefeito, Ênio Laus, Madalena Leal, memorável Rosilda, memorável Solange, Pedro |Paulo, e Louzemar, tinha seu domicílio, no centro de Canelinha, nos mais minuciosos cuidados. E este domicílio, ficava nas extremidades de nossa sempre lembrada, Cerâmica União, empresa de Bento Aragão (in memorian).Muitos marcantes episódios ali desenrolara. Sua casa, cheia de amigos, vizinhos, pois as pautas, eram diversas.Quantas histórias, ali aconteciam.
Havia um funcionário, que esporadicamente, prestava serviços na cerâmica União. E , sorrateiramente, este funcionário, que não me recordo o nome, deliciava-se dos frutos , do belo quintal deste senhor Lindolfo. Era um rapaz franzino, orelhas enormes, dentes exagerados, que quase ficavam fora dos lábios.
Senhor Lindolfo,sempre animado, cuidava de seus parreirais de uvas, além de muitas culturas agrícolas, para consumo doméstico.
Sabia, Sr. Lindolfo, que tal funcionário vinha furtar suas uvas, nas noites de verão. Sr. Lindolfo, se colocou na espreita, e , eis que faz um flagrante :
Chega de mansinho, no silêncio daquela noite, e visualiza, tal funcionário, sobre o teto de sua parreira, furtando suas uvas, lindas e fresquinhas. Senhor Lindolfo, indignado, com tal situação exclama em alto e bom tom:
“ Estou te vendo. Desce já daí. Te conheço, só pelas orelhas. Dentes de paca, coisa ruim, que o diabo leva, e o demônio traz”
Eis que o funcionário, rápido como um como um gato, dispara em retirada.
E assim, nas prosas, de cada dia, este flagrante, virou piada, na boca de toda a gente., Era comentado com muito bom humor, dos lábios deste grande amigo e humorista, Sr. Lindolfo, onde os anos, não lhes pesaram nos ombros. Com alma de criança, despojado de mágoas, ambições exageradas, chegava aos seus oitenta anos de existência, brincando, com as tristezas e alegrias.
E assim, temos sua história, muito amada, e sempre comentada, por todos, com saudades, de um tempo, que precisa ser resgatado.
Somos muito Canelinha, quando , nos nutrimos nas raízes, que nos deram tantos frutos.