Às vezes tudo que a gente precisa é de um colo e de alguns minutos de afeto, sem ter vergonha de admitir que é preciso um pouco de carinho pra suportar a barra que tende a se mostrar tão pesada. Às vezes o choro precisa passar pela garganta e se desfazer do nó ali amarrado, porque ninguém consegue se manter firme sempre, e se desmanchar em lágrimas não te faz ser menos inteiro. Todos somos como pedaços que se separam e se unem em seguida, não importando como ou quando, no final voltamos a ficar completos.
Às vezes é esquecido que a fraqueza faz parte da força, e que sem ela não haveria nem uma, nem outra. Se esquece também que nem mesmo quem se mostra tão forte, de fato é tanto assim quanto faz parecer. Às vezes quando somos mais fracos, inclusive, é que nos mostramos mais inteiros. Ninguém te conta o que vai doer ao longo do caminho, mas ela dói, e quanto mais dói, menos a dor tem que ser reprimida. Às vezes a gente custa a entender as dores que chegam e custam a ir embora. Algumas, aliás, parecem que chegam para ficar e se recusam a se soltar. Mas elas se soltam, cedo ou tarde, e espalham pelo caminho milhares de migalhas dos aprendizados que restaram.
Às vezes até parece que quanto mais se tenta entender, mais nada faz sentido, e que nenhuma ponta solta se conecta, como se houvessem inúmeros fios pendurados prestes a nos sufocar. No entanto, há uma brecha para escapar e então tudo se rompe, tudo se supera. Às vezes é fácil, às vezes é diferente, às vezes nem sabemos o que esperar. Às vezes só precisamos viver.