Amanda Ághata Costa
Talvez eu deveria ter sido nomeada de drama quando nasci. Quero dizer, se existisse alguma medida para provar o quanto alguém é sensível, com certeza eu estaria lá, no topo da lista. Acho que não teria a menor chance pra ninguém. O recorde seria totalmente meu.
Assistir a um filme de romance se não for para terminar em choro, nem é pra mim. Ou eu me esbaldo em lágrimas ao ponto de soluçar de forma descontrolada, ou nem clico no botão de iniciar. Houve uma vez que minha mãe chegou a abrir a porta do meu quarto, visivelmente assustada, porque achou que algo tinha acontecido para que eu estivesse chorando tanto assim. Mas não, meu cachorro não tinha morrido; dessa vez, era só uma cena triste de um filme dramático qualquer.
Não sei explicar o porque, muito menos o como, mas quando dou por mim já estou enxugando o meu rosto molhado. Ainda bem que não tenho que pagar pela água que escorre dos olhos, do contrário, sabe-se lá a quantia que eu ficaria devendo. Não pago o menor imposto para chorar, e pronto, coloco as dores pra fora sem pensar duas vezes.
O pior de tudo é que nem precisa ter algo a ver comigo para eu estar lá, com a maquiagem toda borrada e o coração na mão. Sinto tudo por mim e tudo por todos.
Algumas pessoas sofrem apenas quando algo de ruim acontece. Não acumulam nenhuma dor por antecipação. Já eu, sofro no antes, no agora, e muito frequentemente no depois também. Sou muito tudo ou nada.
A falta de empatia e de explorar os sentimentos nunca me pareceu um problema, pelo contrário, já que sempre tive em excesso. Nem todos conseguem compreender a máquina de emoções que eu sou, mas no fim das contas, sou apenas isso. Emoções demais para um corpo só, tentando encontrar espaço para poder caber sempre mais um pouquinho.