Talvez a coisa mais difícil que a vida me forçou a entender, foi de que somos instantes e consequentemente nada dura do mesmo jeito para sempre. Nem adianta forçar a barra. É como segurar uma borboleta dentro de um frasco de vidro ou como impedir que um pássaro voe. Vai contra as leis da natureza.
Existe diariamente um ciclo de começos e recomeços infinito, que nos dá a oportunidade de escrever a nossa própria história quantas vezes quisermos. Apagar uma linha e reconstruir em cima dela. Nem sempre isso nos conforta, mas a banda não pode parar de tocar antes da última música, assim como a vida não pode parar de seguir somente porque gostaríamos que ela fosse pausada.
Pensar que cada dia novo trará consigo uma novidade, é também entender que precisamos sugar cada segundo de cada momento como se eles fossem os únicos, porque ele serão mesmo. Talvez o momento simplesmente suma por entre os nossos dedos e deixe de existir como em um passe de mágica. É incontrolável.
Querer que uma experiência seja eterna e idêntica em todas as vezes, é como acordar de um sonho bom e querer voltar a dormir para revivê-lo, mas ainda assim não conseguir. Isso não quer dizer que não podemos vivenciar vários momentos bons em sequência, só não do mesmo jeito, menos ainda com a mesma intensidade da primeira oportunidade.
Abrir os olhos e enxergar com clareza o quanto cada capítulo é único não é tão simples quanto parece, mas uma vez visto, tudo começa a fazer sentido. Quando abrimos um livro, nos deparamos com infinitas situações e a cada página, um novo conflito. Assim como um bom livro é construído a partir de um início e um final, na nossa própria existência, existem diversas linhas esperando para serem preenchidas e vividas infinitamente da melhor maneira possível.
A diferença não está no “era uma vez”, ou no “fim”, está no meio dessa história. Se ela será aclamada como um best-seller ou esquecida em alguma prateleira empoeirada, depende exclusivamente de quem a está escrevendo.