Somos feitos das memórias que criamos. Nem sempre bonitas, tampouco sempre felizes, mas todas igualmente importantes. É a partir de cada lembrança que construímos a nossa própria identidade. Não existe alguém que seja idêntico ao outro, pois todos carregamos uma bagagem única de sentimentos e vivências.
Por nem sempre serem tão bonitas, às vezes ter que olhar para dentro das nossas lembranças tende a ser meio doloroso. Ninguém gosta de encarar as fases tristes ou as mais difíceis. Cutucar o próprio ego ferido é como voltar a abrir uma ferida antiga, mas saber que a dor está ali, faz parte de tê-la vivida, em primeiro lugar.
Encarar seus medos não faz com que eles sumam por completo, mas permite que você saia mais forte ao passar diante deles. Não é possível separar as coisas que viveu em úteis ou desnecessárias; não se tratam de simples rótulos em uma prateleira empoeirada. A vida é muito mais do que isso. Pode ser que aí dentro algo esteja meio entulhado, esquecido lá no fundo, até coberto por algumas teias de aranha e mais intocado do que nunca, mas continua sendo uma parte especial.
Olhar para dentro de si mesmo significa dar valor a tudo o que existe em nosso interior. Precisamos aprender a amar cada uma dessas partes, pois sem elas não seríamos quem pensamos ser. Até o menor dos detalhes vem a partir de uma lembrança, visto que nada se constitui sem um passado. Ignorar o que já passou não muda o fato de ter acontecido, é perda de tempo. Temos que ser transparentes ao ponto de não ter vergonha do que já vivemos.
Está tudo aí, todas aquelas mínimas partes. Se você não olhar para elas e amá-las, quem mais irá?