Meu sobrenome é intensidade. Sou um caos, um furacão que passa pela cidade e leva consigo tudo que encontra na estrada. Não sei controlar as minhas vontades, e se não sou tudo, automaticamente sou nada. O meio termo passou longe de mim e não soube se firmar na minha mente, menos ainda no meu coração. Preciso me doar integralmente a tudo o que decido fazer.
Mergulho de cabeça em águas desconhecidas, crente de que o nado será perfeito, e que certamente não haverão oscilações no fundo do mar. Convicta de que estou indo em direção ao paraíso, independente dos avisos prévios. Aí me afogo. Repetidas vezes. Esperançosa de que na próxima vez será diferente e que aprenderei a nadar.
Mas retorno a perder o fôlego, embora esteja mais preparada do que na última tentativa. Esse é o problema de ser intensa. Esqueço de tudo o que já vivi quando estou embarcando em uma nova empreitada. Sofro de amnésia repentina quando se tratam dos meus sentimentos, pois bastam me oferecer um sorriso, que esqueço até do meu nome. Esqueço até do quanto já me fizeram sofrer, justamente por causa do meu jeito de ser.
Embora pareça ruim, há um ponto positivo, e o lado bom é que eu vivo as emoções ao máximo. Não fujo delas. Extraio cada parte e as tomo como minhas. Salto de paraquedas no interior dos meus pensamentos e não me privo de dizer o que penso, de sentir o que sinto. Há tanto disso em mim, que se me perguntassem se desejo mudar, eu negaria. Mais vale viver plenamente sua intensidade, do que não ter nada a sentir.