Atire a primeira pedra quem nunca se apaixonou por um babaca. Já fiz doutorado nessa área, porque houve uma época em que parecia que um ímã me atraía diretamente para essa espécie. Apesar de repetir o mantra onde dizia que ninguém deveria ser capaz de me manipular, já que sempre fui uma mulher madura e bem resolvida, eles conseguiam se infiltrar com jeitinho nos meus pensamentos e antes de sequer perceber, eu já tinha caído na lábia do espertalhão de novo.
O último babaca que eu conheci sabia me envolver com as suas palavras, mas não conseguia colocá-las em prática. Gostar dele foi tão fácil quanto apreciar um pôr-do-sol na praia. Parecia que daquela vez era para ser, e finalmente daria certo. Mas não demorei a perceber que ele só queria um pouco de diversão às minhas custas, e assim que a verdade veio à tona, mais parecia que eu estava presenciando uma tempestade do que vendo a luz do sol cintilando em mim. Parecia um complô entre razão e emoção, que não me levava a lugar algum, pois enquanto queria acreditar que poderia ser diferente com ele, no fundo já estava claro que seria apenas mais um caso perdido entre outros.
O babaca que eu conheci poderia ter conquistado o meu coração, mas preferiu pisoteá-lo e destruir qualquer chance de não levar o temido título consigo. Foi aí que ele garantiu o seu certificado, ao invés de capturar parte do meu amor.
Não sei o que os babacas ganham ao espalhar novas desilusões, mas há muitos deles por aí. Se ainda não esbarrou em algum, talvez tenha sorte, ou apenas não chegou a hora de viver o seu momento infeliz. Gostaria de ter sido mais sortuda, mas já que houve um tempo em que não fui, resta saber se um dia essa raça entrará em extinção, ou se teremos que continuar de olhos abertos para fugir das garras desses predadores. Eles amam fazer novas vítimas, então, todo cuidado é pouco. Nunca se sabe quando o ímã vai mirar justamente naquela maldita direção.