Cristiéle Borgonovo
Uma amizade e parceria de trabalho que iniciou em Parobé, no Vale dos Sinos, Rio Grande do Sul, ultrapassou a divisa dos estados e continua em São João Batista. Valdirene Cláudia Dolner, 39 anos e Edenicer Melo, 46, trabalham na preparação e costura de cabedais para calçados. Na Capital Catarinense do Calçado estão há quase seis anos.
Cláudia, que é natural de Guaraciaba, Extremo Oeste de Santa Catarina, no ano 2000 mudou-se para o Rio Grande do Sul. Aos 16, começou a trabalhar na Crysalis Calçados, em Parobé. Lá atuou por 12 anos. Iniciou na revisão dos cabedais e seguiu para a separação dos cortes, organização e entrega dos mesmos aos ateliers.
Após o nascimento do primeiro filho, ela optou por não trabalhar mais em uma fábrica e montou o próprio atelier. “Eu trabalhava na separação dos cortes e explicava como teria que ser feito, mas não sabia de fato sentar em uma máquina e costurar. Até tinha feito um curso, mas nunca havia praticado de fato. No início foi difícil, mas com vontade se aprende”, relembra.
Já Edenicer era costureira de calçados, trabalhava em ateliers inclusive para a Crysalis. “Conhecia a Cláudia e ela me convidou para trabalhar com ela, desde então sempre trabalhamos juntas”, conta.
Cláudia tinha uma amiga que já morava em São João Batista e lhe disse para mudar-se para cá, pois havia serviço. “Eu sempre dizia para a Edenicer para virmos, continuarmos trabalhando com o atelier, mas era sempre na falácia”, recorda.
Mudança de estado
Em fevereiro de 2017 Cláudia veio para São João Batista. Conseguiu serviço no Calçados Ala. “Eu não tinha nada, minha mudança ainda não havia vindo. Fui na casa da minha amiga Mara. Costurei cinco pares, levei para o encarregado do setor, ele aprovou o serviço e me deu 120 pares para produzir”, explica.
Porém, ela não tinha a máquina de costura e nem os utensílios para trabalhar. Como era uma sexta-feira, entrou no carro, voltou para Parobé e, junto a Elenicer, fizeram o serviço no fim de semana. “Minha mudança era para ir segunda-feira, mas o cara me liga e diz que só poderia levar 15 dias mais tarde”.
As amigas deitaram o banco do carro, colocaram a máquina de costura e vieram para São João Batista. Entregaram o primeiro lote de 120 pares e até hoje fazem atelier para o Calçados Ala.
Elenicer veio e amou a cidade. Começaram a trabalhar, a mudança chegou e tudo foi se encaixando. Mas, o marido de Elenicer veio dias depois e não se adaptou a São João Batista. Voltaram para o Rio Grande do Sul e Cláudia continuou aqui. “Depois que voltamos para Parobé as coisas começaram a ficar difíceis. Não era igual a antes e seis meses depois voltamos para cá, onde não pretendemos mais sair”, brinca.
Juntas, as amigas continuam trabalhando com o atelier de corte e costura. Elas revelam se sentirem felizes e realizadas na profissão de sapateiras, aqui na Capital Catarinense do Calçado.