Diante da revisão do crescimento do PIB chinês, mundial e brasileiro para 2020, em função do avanço do Coronavírus somado a questões macroeconômicas, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) revisou a projeção de crescimento da indústria calçadista brasileira para o ano corrente. A estimativa do setor, que era de crescimento de 2,5% em janeiro deste ano, passou para 2,2%.
Segundo o presidente-executivo da entidade, Haroldo Ferreira, a revisão leva em consideração o impacto não somente do avanço do Coronavírus, especialmente na China, que divulgou uma revisão de queda de 0,4% no crescimento esperado para 2020, mas também na economia local e internacional, que devem diminuir o crescimento em 0,1% para 2020. “O setor calçadista brasileiro não é uma ilha, está no contexto da economia mundial”, destaca.
O dado da produção de calçados de janeiro deve ser divulgado na segunda semana de março, mas a entidade calçadista adianta que não deve ser positivo, tendo em vista a queda registrada nas exportações do primeiro mês do ano.
Conforme a Abicalçados, em janeiro foram exportados 12,55 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 91,5 milhões, quedas de 16,1% em volume e de 7,3% em receita em relação ao mesmo mês de 2019.
O presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar, também se mostra preocupado com o impacto do coronavírus na indústria catarinense. Ele demonstrou a aflição diante da situação também ao presidente e vice do Sindicato das Indústrias de Calçados de São João Batista (Sincasjb), Almir dos Santos e Levi Sottomaior, durante reunião na sede da entidade.
Antes da palestra do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, na sexta-feira, 28, Aguiar ainda falou que algumas indústrias começaram a enfrentar a falta de componentes vindos da China de avião, devido a suspensão de voos no país asiático.
Chineses na Fimec
Em meados de fevereiro, a Fenac enviou uma nota para a imprensa lembrando da chegada da edição de 2020 da Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes, a Fimec.
O evento acontece nos pavilhões da Fenac, no bairro Ideal, em Novo Hamburgo, entre os dias 10 e 12 de março. De acordo com o comunicado, neste ano serão mais de 500 expositores apresentando produtos, serviços e tudo que há de melhor em tecnologia e inovação para a produção de couros, calçados e acessórios.
Entretanto, para este ano, a Fenac informa que não haverá participação dos expositores chineses, e nem mesmo visitantes daquele país, em decorrência das dificuldades provocadas pela epidemia do novo coronavírus.
A situação da doença gerou preocupações a todos os organizadores de feiras internacionais, até mesmo devido aos voos cancelados, dificuldades logísticas e, principalmente, pela questão da saúde pública. A participação destes expositores será transferida para a edição de 2021.
A Fenac reitera, no mesmo comunicado, que a feira será realizada de acordo com os protocolos e normas fitossanitárias sugeridas pelo Ministério da Saúde e Secretarias de saúde estadual e municipal.
Casos confirmados no Brasil
Até nesta quinta-feira, 5, no Brasil já haviam sido confirmados oito casos de coronavírus. São seis em São Paulo, um no Rio de Janeiro e um no Espírito Santo. Com a atualização dos dados, o Brasil tem ainda 636 casos suspeitos.
Os casos confirmados estão em isolamento domiciliar. Além disso, existe um caso confirmado no Distrito Federal, após exame feito por um laboratório particular. Entretanto, o Ministério da Saúde aguarda a contraprova, realizada por uma instituição credenciada pela pasta para realizar o exame, e então, confirmar oficialmente.