Depois de seis meses da chegada da pandemia do coronavírus ao Brasil, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Calçados de São João Batista (Sintrical) contabiliza os prejuízos.
O presidente Everton Quirino dos Santos afirma que foram meses intensos para toda a equipe da entidade e um momento delicada para a sociedade. “Todos os setores sentiram os impactos da pandemia, mas a nossa classe sofreu e ainda sofre com as incertezas”, diz.
Durante o período de demissões em massa que o setor viveu, Santos comenta que foi preciso realizar um trabalho doloroso tanto físico como psicológico. “A gente via no semblante das pessoas uma certa tristeza e incômodo por não saber o dia de amanhã”, comenta.
Ele lembra que foi necessário ir nas empresas para fazer homologações, pois a sede do sindicato não comportava o número de pessoas que estavam sendo demitidas. “Chegou um tempo que eu chegava em casa, fazia minhas orações, pois a situação me chocava. Na condição de ser humano, me colocava no lugar dessas pessoas e suas famílias”.
Um ano em 45 dias
O presidente do Sintrical revela que durante a pandemia, a estimativa é que cerca de 2,5 mil trabalhadores formais perderam os postos de emprego. “Contando os informais, esse número poderia passar dos três mil”, afirma.
Neste período, Santos conta que a entidade homologou, em 45 dias, o tanto de rescisão que homologaria em um ano inteiro.
“Foram 45 dias de sacrifício em ver as pessoas perdendo o emprego. Além de perder o emprego, as pessoas ainda enfrentam problemas com empresas que ainda não pagaram todos os direitos do trabalhador”, revela.
Santos destaca que “quando afeta o emprego direto, afeta o emprego informal, dos atelieres em casa”.
Retomada
A retomada no setor calçadista vem acontecendo lentamente, segundo o presidente do Sintrical. “Tendo em vista a quantidade de trabalhadores que foram demitidos, estima-se que destes, cerca de 40% já retornaram ao trabalho. Isto considerando os colaboradores com carteira assinada”, avalia.
Apesar de algumas empresas já estarem contratando novamente, a quantidade de vaga se torna pouca para o número de desempregados que têm hoje. “Se percebe que há um sinal de que o setor volta a respirar um pouco. Esperamos que a partir de agora, realmente volte a melhorar mais e tenhamos um fim do ano interessante para nossa classe, porque virar um ano sem emprego, na incerteza, é ainda mais complicado”.
O presidente destaca que a onda de desempregos no município também fez com que muitas famílias, oriundas de outros estados, voltassem para as terras de origem.
Expectativa
Apesar da expectativa para que o número de admissões aumente até dezembro, Santos acrescenta que também fica uma incógnita se não haverá outra série de demissões em massa no fim de ano. “Haja visto que os empregados contratados nesse momento teriam seus contratos de experiência vencendo nesta época, que também é quando costuma-se dar férias e o ano começa com uma baixa na produção”, analisa.
Mês do Sapateiro
Em 25 de outubro é comemorado o Dia do Sapateiro. Todos os anos, o Sintrical com apoio de outras entidades e Poder Público, realiza uma programação especial para homenagear a classe trabalhadora.
Entretanto, com a pandemia do coronavírus e as restrições impostas pela Vigilância Sanitária, não será possível realizar o tradicional baile com escolha da garota do calçado e demais ações festivas.
“Apesar disso, queremos, de alguma forma, que essas comemorações aconteçam para homenagearmos e valorizarmos a classe que produz realmente o calçado e que deu ao município o título de Capital Catarinense do Calçado”, afirma o presidente.
Por isso, serão realizados sorteios de brindes aos colaboradores das empresas e demais ações devem ser pensadas pela entidade. “Terei o prazer e orgulho em homenageá-los neste momento, de um ano difícil em que muitos perderam entes queridos e mesmo assim não desanimaram ou baixaram a cabeça”, garante.