Dr. Wilian Duarte da Silva
No espaço da história, sempre há lugar para a temperança, para os virtuosos de moderação e sobriedade, sem a prática de exageros e perseguições. Com esse axioma de ordem bíblica, tentarei escrever um pouquinho sobre o primeiro prefeito eleito do município de São João Batista, Henrique Mazera Filho.
Eleito prefeito em eleições municipais do 3 de outubro de 1958. Tomou posse em 1 de fevereiro de 1959, com mandato até 31 de janeiro de 1964.
Na sua gestão de cinco anos, não houve obras relevantes na cidade, até porque, o município era carente de planejamento urbano, estudos ou projetos de alcance popular e sem funcionários especializados. As prefeituras eram administradas à vontade, faziam o que queriam, de maneira farta, ilimitada, em abundância ou sem limitações, dependendo da coragem do prefeito. Tudo fluía no compadrio partidário, “a lavontê”, usando a locução francesa. Faça-se justiça, o prefeito batistense, era comedido nos gastos públicos.
Não existia a Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece controle dos gastos públicos, condicionado à capacidade de arrecadação de tributos dos órgãos competentes. Era difícil conseguir recursos aleatórios de governos federal e estadual, a não ser o constitucional, oriundo do Fundo de Participação dos Municípios.
A arrecadação municipal dependia muito da indústria açucareira, grande geradora de impostos. As fábricas de calçados, nesse período, caminhavam em processo embrionário, de pouca produção e sem mercado consumidor. Em escala pequena, contava ainda, com a produção agrícola, plantação de cana de açúcar, fumo, milho, feijão, madeira de pequenas serrarias, além do comércio. Mesmo assim, a arrecadação municipal conseguiu avanços, possibilitando o prefeito governar com as contas em dia. Nessa área administrativa, louva-se o cuidado do prefeito Mazera, em manter equilíbrio nas finanças municipais.
O município compreendia, toda área que ia da divisa de Canelinha até Leoberto Leal. Abrangia o Distrito Sede e mais, Tigipió, Major Gercino e Boiteuxburgo. Durante três anos, essa área esteve sob a jurisdição da prefeitura de São João Batista. Com a instalação do município de Major Gercino e posse de seu prefeito, em 28 de dezembro de 1961, a administração municipal batistense, limitou-se aos Distritos Sede e Tigipió. Em livro de minha autoria, ”A Emancipação de São João Batista”, à pgs.103/114, registro detalhadamente, esse episódio.
Entre as obras de sua administração, destaca-se a praça Capitão João de Amorim Pereira, que até então, não tinha nome. Verdadeiramente, tratava-se de pequena pastagem, com um pé de figueira no centro, simbolizando uma praça. Essa área foi revitalizada. Tornou-se, espaço público concorrido pela população local e visitantes. Pela primeira vez a cidade ganhava um jardim público. Outra obra de relance social, foi a construção do atual cemitério, com transferência dos restos mortais do antigo, que ficava atrás da velha igreja. O local abriga os salões da casa paroquial. Houve também, calçamento na área central com pequenas obras de infraestruturas. Melhorias de ruas e limpezas diárias ou constantes, da sujeira causada pelo transporte da cana de açúcar, espalhada por toda parte, misturada com a fuligem expelida pelas chaminés da usina, que infelicitavam a população, penalizando a cidade.
No seu governo aconteceu a maior enchente da região,1960, que por pouco, não derrubou a única ponte de madeira entre as duas cidades alta e baixa. Situação calamitosa, que obrigou a prefeitura a tomar medidas urgentes e necessárias.
Foi prefeito moderador, trabalhador, comedido, sério e responsável. Era fervoroso católico, participava das funções religiosas da igreja. Era casado com Clotilde Mazera, mãe exemplar de muitos filhos.
Aos batistenses amantes da cultura, o meu abraço.