A partir dessa edição, o jornal Correio Catarinense inicia a terceira temporada do projeto escolar ‘Memórias da Colônia’, que é desenvolvido pela Escola de Educação Básica Professora Lídia Leal Gomes.
Desde o ano de 2019, os estudantes do Ensino Médio da instituição desenvolvem um trabalho com memórias da comunidade do distrito de Tigipió. Através de narrativas textuais e ilustrações, sob orientação do professor de História, Malcon Gustavo Tonini, lembranças sobre o passado, dos bairros do distrito, se tornam fontes e referências para se tratar da história local.
O projeto reúne histórias, tradições orais comunitárias, valorizando o território que fez parte da Colônia Nova Itália. Esse núcleo colonial do império brasileiro foi constituído a partir de 1836, tendo como povoadores, um grupo de pessoas que saíram do Reino da Sardenha, região europeia, que hoje faz parte do espaço geográfico que forma a Itália.
Além do professor Malcon, outros professores já colaboraram com o projeto, que este ano conta com a parceria da docente Leovane Regina Lotti Angeli, que leciona a disciplina de Artes. Leovane destaca a importância da ilustração como ferramenta de ensino. “A imagem é uma forma de registro histórico e de interpretação capaz de passar uma nova mensagem do que é contado”. Ela ilustra a história inaugural da temporada.
A diretora Jania Zunino apoia as ações pedagógicas que unem a escola e a comunidade. “O projeto relembra aos mais velhos um pouco de suas trajetórias e à geração atual traz ensinamentos sobre a história do nosso povo, das nossas comunidades”.
Segundo o professor Malcon, o projeto escolar propiciou uma nova maneira de ensinar e significar a história. “O trabalho ofertado pela escola oportuniza aos estudantes conhecimento para darem importância para a diversidade cultural ao longo do tempo histórico e oferta a oportunidade para que seus textos possam ser confrontados com o que historiadores, inclusive amadores, possam ter escrito sobre a história da região”.
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EPISÓDIO I: A união faz a força
Liriane Garcia
Em uma manhã, Milena e sua avó caminhavam entre a roça de algodão e observavam as flores e folhas. As flores eram amarelas e lindas, meio fechadas, ainda estavam desabrochando. Cheias de orvalho parecendo uma pintura de tão lindas.
As folhas ainda bem verdes, dentre as amarelas, algumas poucas com a cor levemente vinho, mas tão lindas quanto. Se haviam flores, em pouco tempo teriam algodões para serem colhidos.
O tão esperado dia da colheita chegou. Os pés de algodão que foram plantados próximos uns aos outros, já estavam secos, aqueles algodões branquinhos em meio ao capucho seco.
Milena pegou o samburá feito de taquara e foi até a roça. Mais a frente ia seu pai e outros irmãos, com balaios grandes para colocar o algodão que seria colhido. A avó avistava tudo de longe, e olhava contente o trabalho dos netos.
Aos poucos, as nuvens escureceram. Uma trovoada se avistava, e a avó aparece com dois samburás para ajudar na colheita. Cairia a chuva em pouco tempo e todos se apressaram, era quem mais podia colher rápido. A chuva mancharia todos os algodões, impossibilitando o uso para a produção de linhas e acolchoados. Em meio a um corre e corre, pingos de chuva caíam sobre os chapéus de palha.
Vizinhos vieram para ajudar os Zunino e os Tomasoni na colheita, e rapidamente levaram algodão até o paiol. Nessa história, o algodão teve um final feliz, todo sequinho e branco, aguardando para ser descaroçado.
Ilustração: Leovane Regina Lotti Angeli