Na manhã de sábado, 17, cerca de 40 ex-funcionários da empresa Raphaella Booz realizaram um protesto para cobrar uma dívida trabalhista que completou um ano.
Com cartazes, nariz de palhaço, perucas e um bolo de aniversário de um ano sem receber, os ex-funcionários saíram do ponto de encontro, em frente ao Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Calçados (Sintrical) e andaram por uma das principais ruas de São João Batista para reivindicar os direitos.
Uma das organizadoras do protesto, Jéssica Garcia dos Passos, que exerceu a função de Assistente Administrativo de Vendas por dois anos e meio na empresa, conta que no ano passado a empresa fez uma demissão em massa.
“A empresa “não tinha” todo dinheiro para pagar os funcionários com o início da pandemia e a má administração”, conta.
Ela ressalta que uma reunião foi feita com todos os funcionários e com a presença do Sintrical. “Foi informado então que todos estavam demitidos, mas que seria vendido um imóvel para pagar os funcionários o mais breve possível, porque nós éramos prioridade”.
Sem ter um retorno sobre a previsão de pagamento, os ex-funcionários tiveram a ideia de realizar o protesto. Ele foi organizado por Jéssica, juntamente com Veronice Salete da Silva, que atuou como costureira de bolsa por cinco anos e meio, Ulisses Baumgartner, auxiliar de corte por três anos e Adriane Verissimo, costureira por sete anos e meio na empresa.
“Acreditamos na palavra deles de que o dinheiro viria. Aguardamos durante um ano confiando na palavra e nada. Nós trabalhamos todos os dias, acompanhamos cada dificuldade deles, nós ajudamos com nosso trabalho”, lamenta Jéssica.
Com a pandemia muitos dos ex-funcionários da empresa permanecem desempregados. Outros conseguiram um novo emprego para receber um salário de R$ 1,2 mil. “Dependendo da família, mal dá para o alimento. Devido as dificuldades que passamos, nos reunimos e não tivemos dúvidas de que precisamos agir para poder ter uma resposta e não mais enrolação”, afirma Jéssica.
Mesmo após o protesto, a empresa não fez contato com os ex-funcionários que agora, aguardam pela audiência marcada para 27 de maio. “Pedimos a Deus que coloquem a mão na consciência e paguem o que nos devem”.
Empresa se manifesta
A reportagem entrou em contato com a direção da Raphaella Booz que informou que a empresa entrou com recuperação judicial no ano passado, devido a situação financeira estar bastante delicada, antes mesmo do início da pandemia.
Com o início da pandemia, a empresa precisou demitir diversos funcionários como forma de contenção de gastos, bem como visando a saúde financeira da companhia. “Entretanto, com a retomada das atividades, aos poucos a empresa foi recontratando quase que a integralidade dos funcionários anteriormente demitidos”, informa.
A direção ressalta que a empresa nunca foi fechada, somente operou com capacidade reduzida quando houve determinação por meio de decreto estadual de que estavam suspensas todas as atividades não essenciais, em março de 2020.
Em relação ao protesto, a empresa afirma que teve conhecimento, e garante que o pagamento dos funcionários iniciará tão logo o plano de recuperação judicial seja votado e aprovado em Assembleia Geral de Credores e posteriormente homologado pelo juízo onde se processa a recuperação judicial.
“Considerando o andamento da recuperação judicial, acredita-se que o pagamento se iniciará no final do corrente ano”, prevê.
A direção acrescenta que “muito embora o cenário econômico não tenha sofrido alterações, as benesses advindas da recuperação judicial têm mantido a empresa em pleno funcionamento e garantirá o soerguimento da empresa, bem como o pagamento de todos os credores”.