Durante a semana, centenas de pessoas estiveram nos cemitérios da região para deixar os túmulos limpos e organizados para segunda-feira, 2, o Dia de Finados.
A tradição segue há anos, para que na data, os familiares possam retornar ao local e prestar homenagens, rezar e ficarem mais próximos, de alguma maneira, dos entes queridos que já morreram.
Assim como todos os anos, a professora Nádia Zandonai, 50 anos, esteve no cemitério municipal de São João Batista, na quarta-feira, 28, juntamente com a cunhada Janete, filha e neto para limpar a sepultura onde estão os restos mortais dos pais, avós maternos e irmão.
“Durante o ano venho sempre que posso visitar. Gosto de estar aqui, pois era muito apegada aos meus pais e meu irmão, e dessa maneira parece que estou mais próxima deles”, comenta.
Para ela, além de toda a questão religiosa que a data também traz consigo, existe o sentimento pelos entes queridos. “Acho necessário estar presente, pois é como se pudesse sentir eles também”, diz.
O casal Maria Inês Barbosa Konrad, 49, e Valdecir Konrad, 49, é natural de Novo Hamburgo (RS) e mora há 12 anos em São João Batista. Apesar de não terem nenhum familiar no cemitério, o casal presta serviços para uma família.
“Então alguns anos já eles nos pedem para vir fazer a limpeza do túmulo de parentes nas datas comemorativas, como já não tem mais condições físicas também de estarem aqui”, conta Maria Inês.
Ela diz que durante a limpeza, costuma conversar e passa a tarde de trabalho desta maneira. “Para mim é normal, e sinto grande respeito também pelas pessoas que aqui estão”, diz. Já o marido Valdecir brinca: “Ninguém falou comigo até agora”.
Um jeito de cuidar
Indianara Caroline Pinto, 29, e o marido Ronaldo de Souza, 37, também costumam fazer a limpeza do túmulo que está a mãe de Ronaldo e outros parentes, todos os anos.
Além da data específica dos Finados, Souza também frequenta o cemitério semanalmente para rezar pela mãe. “Faz um ano e três meses que ela morreu. Esquecer nunca vai acontecer, é uma ferida que fica. Então estar aqui é uma maneira de matar um pouco da saudade também”, diz.
A esposa ressalta que, assim como cuidava da sogra em vida, permanece cuidando também na morte, mas de um jeito diferente. “Na segunda-feira agora a gente volta para prestar nossas homenagens, rezar e acender nossas velinhas”.
Venda de flores
O Dia de Finados é uma data que também movimenta o setor econômico nas floriculturas.
A florista Bruna da Silva, 19 anos, do Armazém das Flores, conta que durante a semana já percebeu um movimento maior na loja. “Fomos para Holambra, em São Paulo, para comprar flores e tinham muitos compradores e produtores também com bastante expectativa para a data”, conta.
Ela explica que as principais flores para os Finados são as Crisântemos, que possui um valor acessível, de R$ 8 a R$ 14. “É o popular arranjo fúnebre com durabilidade de 15 dias. Então tem alta resistência em cemitérios. Apostamos nele há mais de 18 anos”, diz.
Outro vaso que também tem ganhado fama para a data é o Kalanchoe, também com alta resistência, com valor entre R$ 8 a R$ 18.
Para atender melhor os clientes, a loja também estendeu os horários de atendimento no fim de semana, sendo sábado até às 20h30, domingo até às 19h e na segunda-feira, até às 17h.
Orientações à saúde
A Secretaria de Saúde de São João Batista divulgou algumas recomendações para a data, reforçando a adoção de medidas preventivas contra a Covid-19 e também Aedes Aeypti.
Contra a Covid-19, a pasta pede para que as pessoas não deixem para visitar o túmulo somente no dia do feriado. “Aproveite sábado e domingo, ou mesmo outro dia. Evite aglomerações no feriado”, orienta.
Se for mesmo necessário ir na segunda-feira, 2, usar máscara, visitar somente túmulos dos entes mais próximos.“Evite ir em grupos familiares ou de amigos, seja discreto, faça suas orações e volte o mais rápido possível para casa”, destaca
Além disso, o pedido é para evitar a limpeza ou pintura de túmulos, jazigos e construções depois do dia 30.
As barracas ou tendas de vendas devem disponibilizar álcool 70% ou preparações antissépticas de efeito similar, além de manter distanciamentos umas das outras.
Já contra a dengue, a orientação é que se utilize sempre vasos ou recipientes com furos que permitam a vazão da água, mesmo que as flores sejam artificiais.
Manter também o nível de areia até a borda para evitar o acúmulo de água.