Por Amanda Ághata Costa
Sempre vi certa delicadeza em falar das vezes em que desabrochamos, como se realmente fôssemos flores que passam por vários processos até chegarem ao ápice da sua exuberância. O que começa como uma semente, depois brota, e desabrocha lentamente no tempo exato e necessário para enfim estar completa.
Ninguém flori sem antes passar pelos espinhos, muito menos sem enfrentar as tempestades que despetalam o que tínhamos de mais bonito. Ou que achávamos ter de melhor. Somos etapas tão profundas e longas quanto às das mais belas primaveras.
Acontece que nem sempre a beleza das rosas está presente apenas na maciez das pétalas ou no agradável aroma que exalam. Há espécies exóticas que não deixam de ser encantadoras, por mais que não sejam as mais comuns. Iguais às flores, temos nossas peculiaridades que também possuem tamanha importância. Não se trata somente da aparência, pois há muito além do que os olhos são capazes de ver, mas que mesmo sem entender ainda pode se sentir.
Todos somos como milhares de pequenas sementes jogadas no solo, espalhadas intencionalmente para sermos mais do que somente pequenas sementes fincadas no chão. Algumas brotam como o esperado, outras não. Enquanto isso tem aquelas que acabam se tornando algo inesperado e surpreendem pela sua complexidade incompreendida.
Como em um jardim gigantesco, somos mais do que os rótulos garantem. Certas vezes, por incrível que pareça, surgem até mesmo flores inusitadas que jamais antes haviam sido encontradas. E essas, eu garanto, são as minhas preferidas.