Léo Tarcísio Gonçalves Pereira, ou simplesmente, Padre Léo, nasceu na localidade de Biguá, na cidade de Delfim Moreira, no sul de Minas Gerais. Foi ordenado sacerdote em 8 de dezembro de 1990, na Matriz Nossa Senhora da Soledade, em Itajubá (MG).
A primeira missão como padre foi ser diretor pedagógico do Colégio São Luiz, em Brusque. Na época, Léo já era um pregador bem conhecido, devido às frequentes participações em eventos nacionais da Renovação Carismática Católica (RCC), e em programas de televisão católicos.
Muitas foram as pessoas que tiveram a oportunidade de conviver com ele naquele período. Entre elas, o prefeito de São João Batista, Daniel Netto Cândido, o qual foi aluno do colégio brusquense.
Cândido conta que deveria ter em torno de 10 a 11 anos quando Léo era diretor da escola em que frequentava. “Conheci ele com aquele jeito doidão, brincalhão e ao mesmo tempo cobrador, com personalidade forte. Uma pessoa incrível”, lembra.
Mais tarde, já em São João Batista, Daniel teve a oportunidade de se encontrar novamente com o padre. “Na época que ele ganhou o terreno para construir a Comunidade Bethânia, meu pai, Gilberto Gonçalves Cândido, era o prefeito. Então, quando foi lançada a pedra fundamental para a construção, eu participei também”, conta.
Para o prefeito, é uma grande felicidade e honra prestigiar, agora, o processo de beatificação do Pe. Léo. “Foi uma pessoa que fez o bem, deixou um legado, construiu uma história bonita, e foi meu diretor de escola, o qual tive a oportunidade de conviver. Diferente da Santa Paulina, que a gente não teve contato”.
Para se preparar para este momento, Cândido destaca que a prefeitura tem se preparado para as mudanças que ocorrerão no município com o fortalecimento do turismo religioso. “Vai mudar tudo. Então ao longo do tempo a administração municipal vem se preparando para receber mais turistas e peregrinos na Comunidade Bethânia. Fizemos já a pavimentação do acesso à instituição, pensando já nos ônibus. Entendo que daqui uns dez, 15, 20 anos, Bethânia será uma Santa Paulina, no que tange o turismo religioso”, diz.
Inspiração
O sacerdote sempre esteve próximo aos jovens, principalmente os marginalizados e esquecidos pela sociedade. Nos círculos de amizades estavam dependentes do álcool, usuários de drogas, portadores do vírus HIV, menores abandonados e prostitutas. Ele mesmo, durante a juventude até a vida adulta, foi dependente do álcool, cigarro e usuário de maconha.
Durante os atendimentos, Léo notou que o problema das drogas era uma urgência a ser combatida. E, assim, sentiu a necessidade de proporcionar a essas pessoas um lugar e um ambiente que revelasse um jeito novo de viver, saudável e pleno.
Em uma celebração eucarística em São João Batista, em junho de 1994, Pe. Léo falou sobre a necessidade desse trabalho.
Foi então que Wanda Duarte Gomes, empresária do município, católica e participante da RCC, se dispôs a falar com o proprietário da Usati e dono do terreno onde hoje se encontra o recanto São João Batista. “Estava sempre com ele. Quando vinha para São João Batista, ia direto lá na loja, e quando ele falou desse desejo, disse que daria um jeito para conseguir um terreno”, lembra dona Wanda, aos 89 anos.
Depois de conversar com a esposa do proprietário do terreno, Wanda conseguiu marcar uma reunião para Pe. Léo, o qual partilhou a necessidade e a importância do projeto. Diante do que foi proposto, o empresário se prontificou a doar o terreno. “Comemorei com ele esse momento, e estive presente na primeira missa, em Bethânia. Agora, terei a felicidade de participar também da missa da abertura do processo de beatificação dele”, diz.
Dona Wanda lembra-se bem da pessoa de Pe. Léo, um homem respeitoso, bom orador, que encantava as pessoas com suas palavras, sempre disposto e muito trabalhador. “Para mim, antes mesmo desse processo de beatificação, ele já é um santo. Senti muito a morte dele, porque morreu tão cedo e não chegou a realizar tudo o que queria, mas deixou a oportunidade para outros continuarem”, afirma.
Fundação
A Associação Educacional e Assistencial Bethânia, designada simplesmente como Comunidade Bethânia nasceu em 14 de março de 1995. A pedra fundamental do primeiro recanto foi abençoada com a missa em 12 de outubro de 1995.
Atualmente, são oito casas de Bethânia espalhadas por todo o país, as quais já atenderam mais de seis mil pessoas.
A entidade recebeu este nome com inspiração bíblica, onde Bethânia era o recanto de Jesus, lugar onde encontrava descanso, repouso, carinho e amizade profunda e verdadeira.
Luta contra câncer
Em 2006, Pe. Léo foi diagnosticado com câncer no sistema linfático. O tumor maligno já havia comprometido o fígado e o cérebro apresentava várias lesões. Em 4 de janeiro de 2007, após um agravamento no quadro de saúde, Léo morreu, aos 45 anos.
O corpo foi sepultado em Itajubá (MG), junto com demais familiares. Mas, em 2015, os restos mortais foram transladados para a Comunidade Bethânia, em São João Batista.
Graças alcançadas
Após a morte de Pe. Léo, a Comunidade Bethânia começou a receber diversos relatos de pessoas que tiveram graças alcançadas por intercessão do sacerdote. Elas, inclusive, estão sendo utilizadas como parte do processo de beatificação, o qual precisa reunir os testemunhos dos fiéis.
O Blog Pe. Léo, criado por um grupo de seguidores do sacerdote, também recebe os relatos e repassam para a instituição. Entre os testemunhos, há pessoas que se curaram de traumas, depressões, e se converteram por meio das palavras do padre durante as pregações, e por meio dos livros escritos por ele.
Confira alguns dos testemunhos abaixo:
Sonho da maternidade
Rochele Freitas afirma que a história de vida e santidade de Pe. Léo a tirou do fundo do poço. Ela, que sempre quis ser mãe, passou por dois abortos espontâneas e sofreu muito por isto. “Pedi muito a Deus e a todos os santos para que intercedessem por mim. E um dia, antes de dormir, pedi ao Pe. Léo, e nesta mesma noite sonhei com ele me dando uma criança”, conta.
No sonho, Léo disse que a criança era de Rochele, mas para que tivesse paciência. Cerca de um ano depois, ela conseguiu engravidar, e hoje é mãe de dois meninos. “Para mim ele é um santo. Não o conheci em vida, mas acredito que era para ser assim”, diz.
Um pedido de mãe
Cleci Barbosa também recebeu uma graça por meio da intercessão de Padre Léo. Ela relata que o filho sofreu um acidente de moto e teve traumatismo craniano, deixando-o em coma por vários dias. “No momento em que soube do acidente já pedi intercessão do Pe. Léo, porque sabia que era santo”, comenta.
O filho saiu do coma, porém não falava ou andava. Os médicos afirmaram para Cleci que o filho não voltaria ao normal. “Clamei dia e noite por Pe. Léo, chamando-o de Sâo Leonardo de Bethânia. E 19 dias depois meu filho saiu andando e falando do hospital. Deus operou um milagre na vida do meu filho por intercessão do santo padre”, testemunha.
Milagre na medicina
O padre Marcelo Feltri Ribeiro, do interior de São Paulo, também testemunhou um milagre ocorrido em março de 2018. Ele relatou que uma mulher, que frequentava a paróquia São José Operário, foi avisada pelos médicos que as chances de vida eram mínimas devido a complicações após o parto da filha.
Ao saber da situação da mulher, em que o fígado estava como que dissolvido, o padre Marcelo começou a rezar por ela, deu a unção dos enfermos e pediu que Pe. Léo a curasse.
Em pouco tempo, o milagre aconteceu e nem mesmo a medicina conseguiu explicar o feito. A mulher foi curada, e conseguiu cuidar da filha, que já estava com quatro meses.