A dor faz parte de estarmos vivos. Dói porque é assim que se diferencia a alegria da tristeza, o medo da confiança, o ódio do amor. Dói porque é na dor que se aprende a ser mais forte e a dar valor ao que é simples. É fácil ignorar o quanto há de bom nas menores coisas, até que perdemos uma delas e aí relembramos. Por mais complicado que seja, é nos piores momentos que lembramos dos bons, como se não pudéssemos lembrar sozinhos.
A dor é uma contradição ambulante. Dói porque é através disso que a gente entende que nem toda dor é eterna, que nem todo choro é de infelicidade, e que somos mais do que as dores que sentimos. Quando alguém diz que é preciso a chuva para poder florir, é mais ou menos isso que ele quis nos alertar.
A questão é que até a dor é positiva, desde que vista do jeito certo. É na dor que aprendemos as lições mais dolorosas, mas também as mais necessárias. Ninguém gosta de senti-la, apesar de precisar passar por ela em alguns momentos. É difícil pensar que a dor seja mesmo um passo importante para chegar a outro lugar; talvez não seja tão fácil admitir que isso é real, porém não poderia ser um fato mais verdadeiro. Sentir a dor é como passar por uma ponte quebradiça, repleta dos mais temíveis obstáculos, e estar tão assustado ao ponto de não conseguir ver a saída.
A dor faz esse tipo de jogo com a gente. O pior de tudo é que, por mais que doa, temos que encará-la de frente; mesmo que se tente achar um atalho, não tem como encontrar, porque ninguém pode fugir da dor para sempre. Precisamos vivê-la para compreender o que estamos enfrentando. A dor pode até parecer cruel, mas não é bem assim. É por causa dela que sabemos que está tudo bem em não estar bem, mas melhor ainda quando finalmente estiver.