A indústria calçadista de São João Batista já trabalha com plano de retomada. A intenção é de que até fim do ano, 70% a 80% da produção seja restabelecida. Com a reabertura do comércio em muitas capitais do país, o varejo passa a ter um giro no estoque e volta a fazer os pedidos.
Por ser um dos serviços não-essenciais, o setor calçadista foi um dos mais afetados com a crise do coronavírus. Desde o início da pandemia, mais de três mil trabalhadores já foram demitidos das indústrias.
Entretanto, o presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados (Sincasjb), Almir Manoel Atanázio dos Santos, avalia que a partir de setembro, se não houver nova paralisação, as empresas voltam com as ofertas de emprego. “Infelizmente, não conseguiremos readmitir todos novamente, mas aos poucos vamos retomando as atividades”, diz.
A pandemia obrigou algumas empresas a desativarem unidades, e as que continuaram ativa, Santos revela que estão descapitalizadas. “Não estávamos preparados para fechar naquele momento, e sofremos um choque com o cliente, pois a maioria dos pedidos que estavam em produção foram cancelados. Então o dinheiro das empresas ficou parado em sapatos prontos nos estoques”.
A exportação, que representava cerca de 13%, também teve queda de 47%, e segundo o presidente do Sincasjb, a tendência é cair ainda mais neste ano, por se tratar de uma crise mundial. “É difícil prever o que vai acontecer daqui a dois meses. Não conseguimos fazer o planejamento, pois o cenário ainda é muito incerto”, comenta.
Campanha de valorização
Para incentivar as empresas e auxiliar neste momento de reinvenção, o sindicato lançou uma campanha para valorização dos calçados produzidos na região, o #MovimentoSJB.
O objetivo é criar uma consciência no consumidor na hora da compra procurar pelas produções locais. A campanha vai além, para que os lojistas também revendam os calçados ‘daqui’.
“Precisamos valorizar o que é produzido em São João Batista e no estado. Precisamos criar estratégias, pois São João Batista é o polo que dita moda em calçado feminino, mas hoje ainda não é tão valorizado em Santa Catarina”, diz.
Para Santos, o ideal para fomentar a economia do município seria a criação de um centro comercial na rodovia SC-410, o qual contribuiria também com o turismo regional. “Temos o público que vai até Santa Paulina e temos também o Padre Léo para colaborar com essa movimentação no comércio”, lembra.
O presidente do Sincasjb ressalta que está em contato com a Câmara de Dirigentes e Lojistas (CDL) do município para firmar parceria em um aplicativo ou portal online para venda no atacado e varejo.
A campanha do Sincasjb já circula nas redes sociais para que os usuários utilizem a hastag nas publicações e também indiquem as marcas da região.
Futuro das feiras
Todo ano, em setembro, a entidade realiza a Semana da Indústria Calçadista Catarinense (Seincc). Porém, devido ao crescimento nos casos de coronavírus em todo país, o presidente do Sincasjb acredita que o evento deverá ser cancelado.
Santos conta que o sindicato levantou a ideia de realizar um feirão de calçados durante uma semana na cidade. Contudo, em pesquisa junto às empresas, a proposta não foi aprovada. “Muitos fabricantes de pequenos e médio porte já participam da Feccat, feira permanente no litoral, e outras empresas estão se reinventando e aderindo o meio digital para trabalhar com os produtos”.
Apesar do momento incomum e inimaginável, Santos afirma que o Sincasjb, junto com os empresários, está em busca de soluções. “Depois da tempestade vem a bonança. Se Deus quiser, vamos passar por essa tempestade e viveremos a bonança logo ali na frente”, conclui.