Cristiéle Borgnovo
O Natal na Comunidade Bethânia, no recanto de São João Batista, ganhou um aroma especial neste ano. Pela primeira vez, panetones e chocotones produzidos na cozinha de panificação estão sendo oferecidos à população, ampliando uma tradição que antes era restrita ao consumo interno dos filhos, filhas acolhidos e consagrados. A iniciativa fortalece a missão do recanto e cria uma nova fonte de sustento para a obra.
À frente da produção está José Edson Lira, 63 anos, conhecido como Zezinho. Natural de Dom Cavati, município do interior mineiro localizado no Vale do Rio Doce, ele chegou a São João Batista em novembro de 1999 em busca de restauração e vida nova. Após passar por todo o processo de acolhimento, recebeu um convite direto do Servo de Deus Padre Léo para se tornar consagrado de vida e auxiliar na missão de recuperação de dependentes químicos. Em 2002 assumiu oficialmente essa vocação e, desde então, atua com dedicação integral.
A relação de Zezinho com a panificação começou cedo. Aos 11 anos iniciou o trabalho em uma padaria e permaneceu nesse universo até chegar à Comunidade Bethânia. No recanto, além de atuar na missão, dedica-se a ensinar técnicas da arte da panificação a todos os acolhidos que desejam aprender. Sob a orientação do profissional, são produzidos pães, orelhinhas de gato, assados variados e, neste período natalino, os tradicionais panetones e chocotones. “Ensinar é um ato de amor. A aprendizagem permite que muitos ingressem no mercado de trabalho após a restauração ou produzam em casa para complementar a renda. Outros valorizam ainda mais o momento familiar, preparando o alimento juntos e fortalecendo vínculos à mesa”, afirma Zezinho.
A produção natalina transforma a cozinha em um espaço de alegria e superação. Cada massa preparada simboliza perseverança, cada fornada representa avanços pessoais e comunitários. Os acolhidos sabem que o resultado do trabalho chegará às mesas de diversas famílias, levando não apenas sabor, mas também um pouco do espírito de esperança cultivado dentro do recanto. Em Bethânia, cozinhar ultrapassa a técnica: é processo de cura, fortalecimento da autoestima e redescoberta do pertencimento.
Adquira os panetones e chocotones de Bethânia
Os panetones e chocotones podem ser adquiridos por pessoas interessadas ou empresas que desejam presentear colaboradores, amigos ou familiares. Os pedidos podem ser feitos pelo WhatsApp 48 9828 0088. Toda a renda arrecadada será destinada à manutenção da obra e ao pagamento das despesas diárias do recanto, contribuindo diretamente para o acolhimento e a continuidade das atividades.
A iniciativa consolida mais um capítulo de transformação dentro da Comunidade Bethânia, unindo trabalho, afeto e espiritualidade em um gesto concreto de solidariedade natalina.
Sobre a origem da iguaria
O panetone, um dos símbolos mais tradicionais do Natal, tem origem na cidade de Milão, na Itália. A receita nasceu entre os séculos XV e XVI e ganhou diversas versões ao longo do tempo. A massa macia e aerada, acrescida de frutas cristalizadas e uvas-passas, conquistou a mesa das famílias italianas e, posteriormente, alcançou diferentes países, até se tornar um clássico da culinária natalina mundial. No Brasil, o panetone se popularizou a partir da imigração italiana e transformou-se em um dos produtos mais consumidos no fim do ano, presente em ceias, encontros familiares e ações solidárias.
O chocotone surgiu mais recentemente como uma adaptação à preferência dos consumidores. Criado pela indústria alimentícia brasileira, o produto mantém a mesma massa tradicional, mas substitui as frutas cristalizadas por gotas ou pedaços de chocolate. A versão conquistou rapidamente o público e hoje divide espaço com o panetone clássico, agradando crianças e adultos. As duas variedades fazem parte da tradição natalina no país e reforçam o clima de união e partilha característico do período.




