Cristiéle Borgonovo
Há 31 anos, Patrícia Maria de Sousa, 47 anos, natural de São João Batista, dedica-se com orgulho à profissão de sapateira. Ela recorda com carinho os primeiros dias de trabalho na área que escolheu para construir a vida profissional e testemunhou, de perto, a evolução do setor calçadista batistense, desde as formas artesanais de produção até as modernas estruturas das empresas que hoje movimentam a economia local.
O primeiro emprego foi na Lamonela, onde iniciou as atividades em 4 de março de 1994. Patrícia lembra com precisão da data que marcou o início da trajetória. Atuou na empresa por 12 anos, no setor de montagem, onde aprendeu a arte de construir um calçado, unindo as partes que formam cada par e garantindo qualidade em cada detalhe.
Em 2005, passou a trabalhar na Raphaella Booz, permanecendo na montagem até 2018. No mesmo ano, retornou à antiga Lamonela, agora com o nome JPMS, que adotou o nome fantasia de Parô.
Entre as memórias da profissão, Patrícia cita com gratidão o primeiro encarregado, conhecido como Seu Pedrinho, responsável por ensinar os fundamentos do ofício. “Foi ele quem me mostrou os primeiros passos e me orientou a exercer a função com zelo e qualidade. No início, trabalhávamos em turno, não era horário comercial. Eu passava cola no corte, colava a taloneira, encaixotava os calçados”, relembra.
O retorno à Parô trouxe novos desafios. O proprietário, conhecendo a dedicação da funcionária, convidou-a a trocar de setor: deixou a montagem e passou a operar a máquina de dividir. “No primeiro mês fiquei frustrada, pois não sabia lidar bem com a máquina. Mas, com o tempo e a experiência, fui pegando gosto. Hoje amo o que faço”, afirma com orgulho.
Foi através do trabalho como sapateira que Patrícia conquistou sonhos e construiu sua história. “O calçado faz parte da minha vida. Ser sapateira é integrar o grupo de pessoas que impulsiona o crescimento de São João Batista”, diz. Uma de suas filhas também iniciou carreira no setor calçadista, perpetuando a tradição familiar. “Ela tem outros planos e deseja estudar, seguir novos caminhos, mas me enche de orgulho saber que é como sapateira que começará a conquistar seus sonhos”, completa.
Ao relembrar as transformações do setor, Patrícia reconhece o quanto a indústria evoluiu. “Vi fábricas como a Lamonela, a Calpasso, a Século XXX, hoje a Di Valentini e a Raphaella Booz crescerem, ampliarem as estruturas e incorporarem tecnologia para agilizar o processo produtivo. Mesmo assim, fazer calçado continua exigindo habilidade manual e dedicação. Cada par passa por muitas mãos até ficar pronto”, conclui.
Três décadas depois, Patrícia continua firme na profissão que escolheu aos 16 anos. Mais do que um trabalho, o ofício de sapateira representa para ela a história de vida de quem, com esforço e amor, ajuda a construir a Capital Catarinense do Calçado.



