Cristiéle Borgonovo
A Páscoa muitas vezes associada ao consumo dos ovos de chocolate com preços altos ou até mesmo de amêndoas e ao coelho. Para a igreja católica é o momento mais importante no calendário. Para trazer mais informações sobre esse momento o Padre Elinton Costa, da Comunidade Bethânia de São João Batista traz alguns esclarecimentos e tradições católicas desse período de jejum, reflexão e silêncio.
A preparação para a Páscoa inicia na Quaresma, que o momento de penitência, reflexão e avaliação interna. A Páscoa católica é celebrada no domingo seguinte à primeira lua cheia da primavera, no hemisfério norte. Já no Brasil a estação referência é o outono.
Outra tradição no período da Quaresma é o de se evitar o consumo de carne vermelha, ato esse que se intensifica na Semana Santa e, com mais rigor, na Sexta-feira Santa.
“Evita-se o consumo de carne vermelha como um gesto de penitência e sacrifício em memória da paixão e morte de Jesus Cristo. A carne vermelha, historicamente considerada um alimento festivo e de celebração, é substituída por alimentos mais simples, como o peixe, como sinal de humildade e respeito ao sofrimento de Cristo. Além disso, a carne vermelha possui sangue quente, e isso remete diretamente ao sangue derramado por Jesus na cruz. Assim, ao evitar esse alimento, o fiel faz memória da entrega de Cristo, seu sacrifício e o valor do seu sangue como redenção da humanidade”, explica o sacerdote.
Padre Elinton também destaca que a Páscoa é o período mais importante para os católicos, pois a Páscoa é o centro da fé cristã. Celebra a Ressurreição de Jesus Cristo. É o momento em que a vitória da vida sobre a morte e do amor sobre o pecado se concretiza. Sem a Ressurreição, a fé cristã perderia o sentido. “Como diz São Paulo: Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé (1Cor 15,14). A Ressurreição de Cristo é também condição de liberdade e felicidade para cada pessoa, pois nos liberta do pecado e nos abre as portas da vida eterna. Por isso, a Páscoa é a maior e mais importante festa para os católicos: nela, celebramos a esperança que não decepciona”, enfatiza.
Sentido da Semana Santa
Ele também reafirma que o verdadeiro sentido da Semana Santa é fazer memória da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. O mistério central da salvação. É um tempo de profunda oração, contemplação do amor infinito de Deus. Verdadeiro chamado à conversão do coração. A Igreja convida os fiéis a reviverem esses acontecimentos, não como simples lembrança, mas como um memorial: viver de novo, hoje, a entrega de Jesus que nos salva. “É um tempo favorável para voltar ao essencial da fé, renovar o amor por Cristo e deixar-se transformar pela graça da salvação”, diz Padre Elinton.
Silêncio, jejum e reflexão
O sacerdote ainda reforça que a Sexta-feira Santa é o dia em que Cristo morreu na cruz. Por isso, é marcada pelo silêncio, como sinal de luto e respeito. O jejum e a abstinência são expressões de penitência, união ao sofrimento de Jesus e disposição interior para a conversão. “Em Bethânia, por exemplo, passamos a pão e água”. É um dia de profunda reflexão sobre o amor de Deus e o preço da nossa salvação. Também é o dia em que Jesus desce à mansão dos mortos, para resgatar os justos que lá aguardavam a redenção. O silêncio, portanto, carrega a expectativa da vida nova que está por vir. É um dia sagrado, carregado de sentido e esperança.
A simbologia das cores da Quaresma
Durante o período da Quaresma, que se inicia na Quarta-feira de Cinzas e se estende até o Domingo de Páscoa, os padres utilizam a batina roxa. Essa cor simboliza penitência, reflexão e preparação espiritual, refletindo o caráter de sacrifício e arrependimento que caracteriza esse tempo litúrgico.
A roxa é uma cor tradicionalmente associada à espera e à conversão, preparando os fiéis para a celebração da Páscoa, que é marcada pela alegria e renovação.
No entanto, no Domingo de Ramos, que marca a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, os padres vestem-se de vermelho. Essa cor representa o sangue de Cristo e a paixão que se aproxima. Simboliza também a alegria do povo que acolhe Jesus. Após o Domingo de Ramos, a batina retorna ao roxo até a Páscoa, quando a cor muda para o branco, que simboliza a ressurreição e a vitória de Cristo sobre a morte.