Na segunda-feira, 18, foi celebrado o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A data, instituída por lei federal, é uma conquista que demarca a luta pelos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes no território brasileiro, e que já alcançou muitos municípios de todo país.
Além do dia específico, este mês é conhecido também como “Maio Laranja”, que lembra a luta em combate ao abuso e exploração sexual.
Diariamente, milhares de crianças e adolescentes sofrem a violência praticada, muitas vezes, por pessoas próximas que convivem dentro da própria casa. Entretanto, muitos casos ainda não são denunciados, por medo das ameaças sofridas.
Em São João Batista, segundo dados do Conselho Tutelar, de janeiro até começo de maio, foram recebidas, em média, 12 denúncias do crime sexual. Na maioria dos casos, o agressor é o próprio padrasto.
A psicóloga do Centro de Referência Especializado a Assistência Social (Creas), Claudia Zabot, explica que as denúncias primeiro passam pelo Conselho Tutelar, ou diretamente na Delegacia de Polícia Civil. Em seguida, os casos são encaminhados pelo órgão para que o Creas faça acompanhamento da família.
As vítimas recebem tratamento com a psicóloga da saúde e também com a perita policial, que faz a investigação. “Não existe um critério de classe econômico nesses casos, acontece em todo tipo de família, e geralmente os abusadores são da convivência extrafamiliar, como padrastos, tios, irmãos, parentes de primeiro grau, avô”, revela.
Claudia ressalta que até a criança ou adolescente ter coragem para denunciar, leva uns três anos. “Geralmente começa a ser abusada lá pelos sete anos e somente com 11 ou 12 anos que vai contar para alguém”, diz.
Além das ameaças, a psicóloga lembra que em alguns casos há a “compra do silêncio”, que são os presentes dado pelo agressor ou as vantagens recebidas.
Denúncias
Como a campanha de combate ao abuso e à exploração sexual acontece sempre nas escolas, Claudia conta que muitas vítimas acabam revelando sua história para uma amiga próxima, que conta para mãe e que conta então para a mãe da vítima. Ou então, a vítima procura a professora ou direção para contar a violência sofrida.
“Neste ano, como estamos em meio à pandemia, e sem aulas presenciais, é importante que a família esteja atenta aos sinais apresentados pelas crianças e adolescentes dentro de casa. E, caso seja informado um caso, não culpe a vítima ou faça julgamentos, pois esses sentimentos geram ainda mais medo”, diz a psicóloga.
Além disso, é preciso incentivar as vítimas a falar sobre o ocorrido, mas não a obrigar, e quando for falar, buscar um ambiente isolado para que a conversa não sofra interrupções e nem seja constrangedora.
Ela ressalta que todas as formas de violência, especialmente a sexual, afetam o crescimento saudável das crianças e adolescentes.
Em São João Batista, apesar de 80% dos casos serem praticados contra meninas, há ainda 20% de casos cometidos contra meninos.
Para denúncias, existe o Disque 100, além disso, o Conselho Tutelar possui o contato de plantão pelo número (48) 98469-2825, e a Polícia Militar pelo 190. As informações podem ser anônimas e são sigilosas.
“Se tiver suspeita ou conhecimento de alguma criança ou adolescente que esteja sofrendo violência, denuncie. Isso pode ajudar meninas e meninos que estejam em situação de risco. Cuidar das crianças e adolescentes é responsabilidade de todos”, frisa a psicóloga.