Tornar a compra e o uso de uma peça de roupa mais inclusiva e acessível para pessoas com deficiência visual foi a premissa do trabalho desenvolvido pelas acadêmicas da 2.ª fase de Design de Moda da Unifebe.
Desde a criação de QR Code para identificar o tamanho, cor e modo de lavar, preparação de espaços inclusivos até formas lúdicas para que as crianças com deficiência visual possam reconhecer a cor e a peça de roupa foram algumas propostas criadas pelos futuros designers.
A professora Gabriela Poltronieri Lenzi, explica que a ideia de trabalhar o tema surgiu dos próprios estudantes. “No componente curricular Metodologia de Projeto, os acadêmicos aprendem a desenvolver um projeto, utilizando uma metodologia e tudo começa a partir da identificação da demanda. Para isso, em grupos, eles foram instigados a pensar em situações reais que envolvem a Moda e, por escolha da própria turma, eles decidiram trabalhar com roupas, produtos ou serviços de moda, voltados às necessidades de pessoas com deficiência visual”, revela.
Para entender a realidade dos deficientes visuais, as estudantes conversaram com o deficiente visual Sidnei Pavesi e com o casal Jefferson de Oliveira de Souza e Larissa Araújo de Azevedo, que são cegos totais. A partir do bate-papo com o público-alvo, o grupo da acadêmica Maria Durkop criou um projeto voltado ao momento de compra das roupas e sugeriu medidas de acessibilidade, como etiqueta em braile e QR Code para ser utilizado no TalkBack, um serviço de acessibilidade do smartphone, que auxilia cegos e deficientes visuais a interagir com a tecnologia.
“Iniciativas como essa reforçam o compromisso com a sociedade, ampliam a conscientização social e mostram que pequenas adaptações podem gerar impactos transformadores na vida de muitas pessoas. Projetos como este são um passo significativo rumo a uma moda e sociedade mais inclusiva para todos”, avalia a acadêmica.
Além de conferir o resultado dos projetos apresentados pelas equipes, os convidados Jefferson e Larissa contribuíram com considerações sobre as propostas. Para o casal, as ideias expostas na atividade tornariam o processo de compra das roupas mais inclusivo e acessível, permitindo ao deficiente visual se localizar na loja, encontrar o produto com tranquilidade, conferir a qualidade da peça e escolher de acordo com a sua preferência com muito mais autonomia.
A professora Gabriela Poltronieri Lenzi considera o projeto um meio de reflexão sobre a moda como uma possibilidade de acesso às pessoas. “Entendemos que a roupa é uma possibilidade de apresentação social, cultural e de acesso das pessoas ao mundo que a gente experimenta. Então, pensar nisso a partir da ótica de uma pessoa com deficiência visual faz com que eles percebam a verdadeira natureza do design de moda”.
A importância social do projeto, destaca a coordenadora de Design de Moda, professora Jô Rosa, revela-se na promoção à inclusão e à igualdade de oportunidades para pessoas com deficiência visual. “Ao desenvolver soluções que facilitam a identificação e a compra de roupas, os estudantes de Design de Moda estão contribuindo para a autonomia e a independência dessas pessoas. Além disso, o projeto sensibiliza a sociedade sobre as necessidades específicas de indivíduos com deficiência visual, incentivando outras empresas e setores a adotarem práticas mais inclusivas”.