Cristiéle Borgonovo
Antônio Anacleto de Souza, 58 anos, tem uma trajetória marcada pela dedicação e pelo trabalho árduo. Desde muito cedo, aprendeu que o esforço diário era a chave para o sustento da família. Ainda criança, aos oito anos, ajudava os pais na lavoura, na plantação e colheita da cana-de-açúcar, que era vendida para a extinta Usati. Mas foi em 1984, aos 18 anos, que Antônio teve o primeiro contato com a indústria calçadista, em uma ‘esquenta’, onde iniciou os primeiros passos na produção do calçado.
Durante dois anos, aprendeu as funções básicas do processo, como colar e marcar materiais. No entanto, foi nos Calçados Márcia, de propriedade de Getúlio Clemes, que a carreira começou a se consolidar. Em 1986, assinou a carteira de trabalho como sapateiro, iniciando com tarefas padrão e, pouco a pouco, especializando-se no ofício de montador de calçados. Naquela época, o processo de montagem era feito de forma manual e com a ajuda de um alicate.
Tonho, como é conhecido, lembra com clareza de quando a primeira máquina de montar bicos chegou à fábrica, quatro anos após o início na empresa. “Como eu era novo, não me deixavam operar a máquina, mas eu observava atentamente. Quando todos iam embora, eu ia trabalhar no equipamento para praticar e aprender sozinho”, relembra com orgulho. Essa atitude demonstrava a determinação em evoluir e se aperfeiçoar no ofício.
A trajetória nas Calçados Márcia durou nove anos. Depois disso, Tonho avançou para outras grandes empresas do setor. Trabalhou por seis anos e meio na Suzana Santos e pelo mesmo período na Raphaella Booz, sempre desempenhando a função de montador de bico, que tornou-se sua especialidade.
Após deixar a Raphaella Booz, enfrentou um novo desafio: ingressou na Contramão Calçados, onde passou oito anos trabalhando na montagem de calçados infantis. “Foi um choque no início. Estava acostumado a montar calçados adultos e, de repente, me vi lidando com sapatinhos pequeninos. Tive que reaprender a trabalhar”, conta. No entanto, com a habitual dedicação, Tonho logo se adaptou ao novo universo.
Há quatro anos, Antônio trabalha na Zabumba Calçados, onde continua exercendo a função de montador de bico, carga do qual se orgulha profundamente. “Foi como sapateiro que construiu minha casa, criei meus dois filhos, e por isso agradeço a Deus por todas as conquistas”, reflete. Ele também deixa um recado aos colegas de profissão: “Tenham orgulho do que fazem. O trabalho é digno e honrado, e ser sapateiro me deu tudo o que tenho hoje”, conta.
Tonho é um exemplo de resiliência, paixão pelo ofício e, acima de tudo, orgulho pela profissão que escolheu. Em uma trajetória que atravessa quatro décadas, demonstra que, com determinação e dedicação, é possível superar desafios e alcançar grandes conquistas.