Leonardo Augusto da Silva – 8º ano
Maria do Carmo Deluvino, quando ainda solteira, morava na localidade de Canudo. Certa vez, como de costume, Maria acompanhava seus pais, de carro de boi, até a vendinha do Manoel Perão, na região mais central de Tigipió, para comprar mantimentos para casa. Era fim de tarde, entre a quinta e a sexta-feira.
Ao voltar para casa, quando passavam em frente a um engenho de farinha, tiveram que desviar de uma grande poça d´água que obstruía o caminho. Quando isso ocorreu já era noite, e pouco se via ao longo da estrada e às suas margens. A família Deluvino, desorientada, acabou esbarrando seu carro de boi em algo que não conseguiam identificar. Apreensivos acreditavam que havia uma criatura não deixando a carroça passar.
A família resolveu então voltar em direção ao centro de Tigipió, pediram socorro para pessoas próximas dali, que moravam ao longo da estrada. Alguns homens pegaram seus cachorros de caça e foram até a região do engenho, onde a situação havia acontecido, para procurar o tal bicho. Chegando lá, os cães avistaram alguma coisa e correram até ela. O bicho subiu rapidamente em uma árvore espinhosa, com muita habilidade, e acabou, daí em diante, sumindo na noite.
Não se sabe até hoje o que era o tal bicho, mas ao primeiro galo cantar na manhã do dia seguinte, quando Maria estava indo para escola, passou pelo mesmo caminho. Ela não viu nenhum bicho, mas um homem magro e abatido, caladão, que lhe olhava torto, com sobrancelhas grossas e orelhas compridas. O homem estava todo maltrapilho e machucado. Contando essa história para as pessoas depois, o povo deduziu, que o tal bicho era o tal do lobisomem, o cachorrão do diabo que ao findar a lua cheia virou gente de novo.