Marcia Peixe
Há 26 anos, Ideraldo Luiz Paloschi, 51 anos, reside no bairro Timbezinho, em São João Batista. Aliás, não só ele, a esposa Margarida Pavesi Paloschi, 56 anos, também. A trajetória de vida do casal está intimamente relacionada com a fundação da Comunidade Bethânia, entidade responsável pelo acolhimento gratuito de pessoas que sofrem com a dependência química, idealizada pelo Servo de Deus Padre Léo.
Porém, antes mesmo de conhecer o sacerdote, Ideraldo já participava ativamente das atividades da Capela Nossa Senhora de Fátima e do grupo de jovens Davi, no bairro Jardim Maluche, em Brusque, sua cidade natal. “Nos reuníamos depois da missa aos sábados para rezarmos juntos e com isso começaram a acontecer encontros de oração aos domingos conduzidos pelo frater Léo. Mais tarde, comecei a namorar com a Margarida, e ela também passou a participar comigo”, recorda. Depois, os encontros do Davi ocorriam no Colégio São Luiz a convite do Padre Léo. Em1991, ano seguinte de sua ordenação, ele foi transferido para Brusque para auxiliar o diretor do colégio.
Já no âmbito profissional, Ideraldo trabalhou no negócio da família, a Churrascaria Paloschi até o seu casamento em 1990 e, depois, no Laboratório de Fotografia Zás-color. “Lá eu fazia revelações de fotos analógicas. Já a Margarida era vendedora de tecidos na loja Havan”, acrescenta. Embora já casados, eles continuaram participando do grupo e das atividades da Igreja. “Em 1993 surgiu o desejo do Padre Léo abrir uma comunidade para acolher dependentes químicos e desde o início nos sentimos chamados”, afirma.
Desde então, o casal passou a discernir sobre a missão. “Construímos nossa casa mesmo sabendo que não ficaríamos lá. Foram apenas dois anos morando nela. Deixamos nossa casa, nossos trabalhos e viemos com nossos filhos, Lucas de um ano e meio e Felipe, com apenas 40 dias de vida. Mais tarde também tivemos os gêmeos Daniel e Gustavo”, detalha.
Ao chegarem em Bethânia, havia apenas uma construção, a Casa Mãe, onde moraram com mais dois jovens consagrados, além dos ‘filhos’ que passaram a ser acolhidos. “Neste tempo, Padre Léo vinha uma vez por semana para nos orientar, celebrar missa, e acompanhar as atividades”, acrescenta. Entre as experiências marcantes, Ideraldo recorda-se das dificuldades em custear as despesas e do passo de fé que deram ao aceitarem doações. “Um dia, a Margarida foi até a capela para rezar. Lá ela recebeu a inspiração da passagem bíblica de Joel, capítulo 2, versículos de 18 ao 27. Era uma Palavra sobre a Providência. Então passamos a confiar nesta Palavra”, diz.
Ideraldo enfatiza que viver da Providência não significa esperar, trabalhar e crer, que de fato, Deus não deixa faltar o necessário aos filhos e filhas. “Até hoje vivemos isto e nos impressionamos com a forma com que as pessoas são tocadas para nos ajudarem”, completa.
Diácono para ser presença entre o povo batistense
Além da vivência como consagrado em Bethânia, Ideraldo foi ordenado diácono permanente da Paróquia São João Batista, pela Arquidiocese de Florianópolis, em 13 de setembro de 2008. “O diaconato foi tema de uma partilha, em que Padre Léo enfatizou a importância deste trabalho junto à Paróquia, para que tivéssemos uma presença ativa”, relembra. A partir desta conversa, Ideraldo conta que Padre Léo o indicou ao pároco da época, Pe. Celso Antônio Marquetti para ingressar na escola diaconal. “Eu fui aceito e recebi muito apoio, inclusive, do já falecido diácono Agostinho Mariani”, diz.
Apesar de Padre Léo ter sido um grande incentivador da nova missão de Ideraldo, ele faleceu antes mesmo da ordenação, em 4 de janeiro de 2007. “Hoje me sinto muito feliz em estar mais perto dos batistenses, em servir nas comunidades, em ajudar na catequese e também nos sacramentos”, conclui.
Olho: “Neste tempo, Padre Léo vinha uma vez por semana para nos orientar, celebrar missa, e acompanhar as atividades”,