Marcia Peixe
Situada à rua Luis Laus, no Centro de São João Batista, a loja Dona Wanda faz parte da trajetória das famílias Duarte da Silva e Gomes. Aos 91 anos, Wanda Duarte da Silva Gomes, e seu esposo, Wander Gomes, 91, relembram as vivências até fundarem o comércio, em atividade desde o fim de década de 1970. Ambos são filhos de comerciantes: ela de Benjamin Duarte da Silva, e, ele de João Vicente Gomes.
Eles possuíam os principais pontos de comércio de São João Batista, muito antes, da emancipação política administrativa. “Eu cresci ajudando meu pai. Vendíamos diversos produtos e também comprávamos o que os agricultores produziam”, recorda Wanda. Já Wander, destaca que sua família atuava no mesmo ramo, mas de forma direcionada para o atacado. “Vendíamos os mesmos produtos, mas distribuímos para mais regiões. Entre as mercadorias, o diferencial do pai de Wanda, era os tecidos, que nós não tínhamos”, explica.
Porém, antes de namorarem e se casarem, ambos se dedicaram aos estudos e mudaram-se de São João Batista. “Eu fui estudar em Florianópolis e Itajaí, me formei professora, depois complementei os estudos para lecionar Educação Física”, explica Wanda. O esposo, por sua vez, estudou em Florianópolis e em Curitiba. “Cursei escola técnica em mecânica e depois edificações, que não conclui”, acrescenta.
Mais tarde, eles retornaram para São João Batista, ela como professora e ele caminhoneiro, distribuindo produtos para suprir os pequenos comércios. Em 13 de fevereiro de 1954, o casal une-se em matrimônio e iniciam uma história que já dura 69 anos de união, com seis filhos e sete netos.
O início da loja Dona Wanda
Foi a partir da aposentadoria de Wanda, em 1976, que eles decidiram investir no segmento de vendas. “Percebemos que havia uma oportunidade neste ramo na cidade, e a Wanda já sabia trabalhar com vendas, tecidos e também conhecia muitas pessoas”, avalia o esposo. Assim de forma informal e discreta mais para os familiares e amigos, o casal passou a buscar mercadorias em São Paulo. “O grande destaque foi a comercialização de roupas prontas”, explica Wanda.
Com a aceitação dos clientes, a venda dos produtos passou ser realizada na casa da família, situada na Rua Getúlio Vargas, que ficava ao lado do antigo cinema da cidade. Anos mais tarde, já em 1986, a loja ganhou um novo espaço, na Rua Luís Laus, no Centro. “Ali ampliamos o espaço e também construímos nossa nova casa”, enfatiza Wander. Neste período, o filho do casal, Wilmar, na época engenheiro agrônomo formado, decidiu retornar à cidade natal para atuar junto aos negócios da família. “Voltei e comecei a perceber na minha mãe muitas peculiaridades de empreendedora.
Apesar de simples, ela buscava fornecedores diferenciados, não apenas de São Paulo, onde maioria ia, mas também na cidade do Rio de Janeiro e também em Petrópolis, ambas no estado do Rio”, comenta. Segundo Wilmar, a experiências com os tecidos fez com que ela optasse sempre por produtos de qualidade, entre eles, com diversas faixas de preço para atingir o maior número de clientes possível. “Vi minha mãe ir até fornecedores que os concorrentes não iam por se considerarem pequenos. Porém, ela ia e conseguia trazer quantidades que supriam lacunas do mercado”, destaca.
Foi acompanhando a mãe e trabalhando na loja, que Wilmar viu a possibilidade de empreender. “A loja já possuía produtos para toda família, então faltava vender calçados. Então dei início a Calcebem dentro da loja Dona Wanda, depois de um ano e meio, passei a ter sede própria”, revela. Atualmente, além de São João Batista, Vilmar conta com loja em Tijucas e Canelinha. Ao se referir à trajetória da família, o filho sente-se feliz e orgulhoso: “São lições que aprendo até hoje, especialmente a importância de ser transparente com os clientes”, finaliza.
“Vendíamos os mesmos produtos, mas distribuímos para mais regiões. Entre as mercadorias, o diferencial do pai de Wanda, era os tecidos, que nós não tínhamos”