Maria Eduarda de Borba Fernandes – 9º ano
Eram dias difíceis na Colônia. Salete e seu pai não estavam se relacionando muito bem, naquela época. O pai, muito conservador, não entendia que os tempos mudavam e que as mulheres precisavam de certa autonomia para com suas vidas. Salete tinha esperança que certas coisas poderiam mudar. Certa vez, em meio a uma discussão inflamada entre pai e filha, Salete, aos 16 anos, foi expulsa de casa. A jovem se foi da casa dos pais, sem saber para onde ir, ou aonde poderia morar. Salete procurou um lugar seguro, sentou-se e começou a pensar no que poderia fazer naquela situação.
Daniel, outro jovem morador da Colônia, naqueles dias, aos 18 anos já vivia certa autonomia, como homem, ele tinha o consentimento dos pais para com suas decisões. Possuía sua própria morada, uma casa simples, mais sua, conquistada devido ao trabalho desde muito cedo. Salete e Daniel se esbarraram naquele dia trágico da vida da garota. A ocasião fez com que se aproximassem. Daniel veio ao encontro da triste Salete e, com suas palavras, de certa forma tentou lhe acalentar, pois via que no rosto dela havia muita tristeza. Naquele momento, Salete viu no garoto alguém que trazia conforto em suas palavras e companhia, e por isso, desabafou sobre o que a angustiava. Ficaram horas conversando, parecia que já se conheciam há muito tempo. Daniel era negro, e esbarrava em preconceitos de moradores, um entrave que talvez em outras circunstâncias tornaria proibitiva essa aproximação.
Já anoitecia e Daniel já estava sabendo de toda a situação da garota, que não teria nenhum teto para dormir. Ofereceu a Salete um espaço em sua morada, até que a jovem conseguisse dar um novo rumo para sua vida, agora longe dos pais. Salete sem opções e sentindo bondade em Daniel, resolveu aceitar. O tempo foi passando, a garota conseguiu trabalho em uma alfaiataria, e o dois se tornaram inseparáveis.
Quase dois anos depois, já namorados, resolveram se casar. Os preconceitos e o conservadorismo do pai de Salete ainda existiam, o que fez com que sua família não acompanhasse o casamento. Mesmo assim, foi um dia de festa, com a bênção do padre e com uma tradicional festa de interior. O casal teve seus filhos e viveram felizes, ao lado de amigos que sempre quiseram o seu melhor.